Brasil

Relação comercial com China será foco de viagem de Bolsonaro à Ásia

Presidente da República também visitará Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita em busca de investimentos

Jair Bolsonaro: ideia do governo é atrair investimentos ao Brasil com o périplo pela Ásia (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: ideia do governo é atrair investimentos ao Brasil com o périplo pela Ásia (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de outubro de 2019 às 14h07.

Última atualização em 19 de outubro de 2019 às 14h17.

São Paulo — O secretário de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, disse ontem que a viagem do presidente Jair Bolsonaro para a China deve servir para discutir oportunidades que tornem a dinâmica comercial entre os dois países mais do que uma "relação de clientela". Ao sugerir que é equivocado dizer que há uma "parceria comercial" entre as duas nações, ele afirmou que não existe uma interdependência do Brasil com a China e que é preciso buscar uma relação "pragmática" desde que com "respeito à soberania".

"Se você quer sair dessa relação de clientela para algo maior, então precisa estar na mesa e discutir essas oportunidades. Essa é uma das razões para o presidente Bolsonaro ir para a China", disse Troyjo. Segundo ele, o governo quer alcançar uma relação benéfica para os dois lados. "Queremos manter a soberania, queremos ser parceiros", disse. "Às vezes, usamos palavras que não necessariamente refletem a realidade. Às vezes, usamos a palavra 'parceria' quando na realidade o que se tem é uma relação de cliente", disse.

Bolsonaro embarca hoje para viagem ao Japão e, de lá, seguirá para a China. O presidente adotou durante a campanha retórica inflamada sobre a relação comercial Brasil-China e chegou a dizer que os chineses estavam "comprando o Brasil". A China é a principal parceira comercial do País.

Dependência

Troyjo mencionou a guerra comercial travada entre Estados Unidos e China durante a presidência de Donald Trump e citou a relação entre os dois países como de "interdependência". "A China é o principal destino do investimento estrangeiro direto americano. Os EUA são o principal destino do investimento estrangeiro direto chinês.

Se você quer usar o termo 'parceiro comercial', então os EUA são os principais parceiros comerciais da China e vice-versa. Há uma interdependência muito importante", disse. "Nós não temos tanta interdependência com a China atualmente. Temos uma relação comercial. É verdade que o investimento chinês no Brasil está aumentando, mas ainda há bastante a percorrer", disse.

O secretário representa o Brasil em Washington, na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), depois que o ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou na última hora sua participação. Na manhã de ontem, Troyjo fez uma apresentação a investidores e empresários estrangeiros na Câmara de Comércio americana.

A conversa foi intermediada por perguntas feitas por Donna Hrinak, presidente da Boeing para a América Latina e ex-embaixadora dos EUA no Brasil. A executiva questionava Troyjo com boa parte do que tem sido dito nos bastidores por empresários americanos sobre a nova relação que o Brasil tenta estabelecer com os EUA.

Durante a apresentação, Donna afirmou que "por anos se ouviu que o problema do Brasil é que o País não sabe o quer". Além de questionar sobre a relação com a China, a executiva perguntou sobre as idas e vindas do apoio americano ao acesso do Brasil como membro da OCDE.

O secretário de Comércio Exterior minimizou os problemas e disse que "há um processo" na OCDE em curso, e admitiu que o Brasil precisa fazer a "lição de casa" para acessar a organização

Japão

O presidente Jair Bolsonaro  fará no Japão reuniões com o primeiro-ministro Shinzo Abe e com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, além de encontro com empresários locais e com a comunidade brasileira. A previsão de reuniões foi divulgada hoje pelo Palácio do Planalto.

Bolsonaro sairá de Brasília às 22h deste sábado (19). A previsão é de desembarque em Tóquio na segunda-feira (21) para participar no dia seguinte, da cerimônia de proclamação da entronização do imperador do Japão, Naruhito.

Antes comediante, Zelenski assumiu a presidência da Ucrânia em maio. O político novato virou peça-chave de crise política nos Estados Unidos que motiva movimento pelo impeachment do presidente Donald Trump. Em telefonema, o republicano pediu que o líder ucraniano investigasse o democrata Joe Biden, possível rival de Trump nas eleições de 2020.

A agenda no Japão será a primeira de Bolsonaro na sua mais longa viagem internacional. O presidente deixa o Brasil na noite deste sábado, 19, e retorna ao País na manhã do dia 31.

A ideia do governo é atrair investimentos ao Brasil com o périplo pela Ásia. Bolsonaro deixa o Brasil em meio à implosão do PSL, agora dividido nas alas pró-Bolsonaro e pró-Luciano Bivar, o presidente da legenda.

Além da China e Japão, o presidente viajará para os Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Bolsonaro será acompanhado pelos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina; da Cidadania, Osmar Terra; de Minas e Energia, Bento Albuquerque e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.

Além dos ministros, acompanham o presidente o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e os deputados federais David Soares (DEM-SP), Fausto Pinato (PP-SP), Hélio Lopes (PSL-RJ) e Marco Feliciano (Pode/SP).

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