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Rejeição ao aborto e a gays une religiões em Brasília

A manifestação, convocada em favor da "liberdade religiosa e a vida", reuniu cerca de 40 mil pessoas de diversas crenças

O ato foi convocado por organizações evangélicas e contou com a adesão de membros de outros credos que concordam com a rejeição ao aborto e o casamento gay
 (Valter Campanato/ABr)

O ato foi convocado por organizações evangélicas e contou com a adesão de membros de outros credos que concordam com a rejeição ao aborto e o casamento gay (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 20h09.

Brasília - Uma grande manifestação contra o aborto e homossexuais ocupou nesta quarta-feira o centro de Brasília e uniu evangélicos, católicos e fiéis de outras religiões em defesa do que todos qualificaram como "família tradicional".

A manifestação, convocada em favor da "liberdade religiosa e a vida", reuniu cerca de 40 mil pessoas de diversas crenças sob as mesmas palavras de ordem em um marco festivo que incluiu a apresentação de cantores de música gospel.

O ato foi convocado por organizações evangélicas, uma das vertentes religiosas que mais se expandiram no país nos últimos anos, e contou com a adesão de membros de outros credos que concordam com a rejeição ao aborto, proibido no Brasil com algumas ressalvas, e o casamento gay.

O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores, disse que um dos motivos do protesto era a decisão tomada no último dia 14 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de legalizar o casamento homossexual, apesar de o Congresso não ter legislado sobre o assunto.

Até essa data, no Brasil existia apenas a "união estável" entre homossexuais, na qual seus membros são considerados "solteiros" e têm limitações quanto a heranças e outras garantias reservadas aos casamentos heterossexuais.

Os manifestantes percorreram a Esplanada dos Ministérios e se concentraram em frente ao Congresso, onde houve um momento de euforia quando foi anunciado que uma comissão parlamentar aprovou um projeto de lei que coloca normas para induzir uma mulher que foi vítima de estupro a ter seu filho e não recorrer ao aborto, que a lei só permite em casos de violência sexual ou quando a gravidez põe em risco a vida da mãe.

O projeto propõe que uma mulher que fique grávida em decorrência de abuso sexual receba ajuda psicológica, uma pensão equivalente a um salário mínimo por mês e outros benefícios, como ajuda oficial para identificar o pai e obrigá-lo a responder economicamente por seu filho.

Como única condição para essas ajudas, o projeto estabelece que a mulher deve renunciar à possibilidade do aborto.


Essa iniciativa, apresentada pelo deputado evangélico Eduardo Cunha, ainda deverá ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça antes de chegar ao plenário da Câmara dos Deputados e ser enviada ao Senado.

O projeto foi rejeitado por grupos feministas, que inclusive o qualificam de "bolsa estupro", enquanto Cunha afirma que, na sua opinião, é a preocupação "legítima" que o Estado deve ter com as vítimas de abuso sexual.

"Estamos falando do direito de uma mãe que não quer abortar mesmo tendo sido vítima de violência sexual, e de seu direito a ter um mínimo apoio para sua subsistência", disse o deputado.

O pastor Malafaia comemorou a aprovação do projeto e disse que o casamento homossexual é "igual" a uma hipotética legalização das drogas ou o aborto, e assegurou que "se a sociedade brasileira continuar nesse caminho de liberar tudo, será destruída".

Os manifestantes também expressaram apoio a um projeto que tramita na Comissão de Direitos Humanos da Câmara que propõe que a rede de saúde pública ofereça ajuda psicológica para aquelas pessoas que queiram "reverter" sua homossexualidade.

Além disso, eles aclamaram o pastor evangélico Marcos Feliciano, que preside essa Comissão e participou da passeata, apesar de suas públicas posições contra a homossexualidade e polêmicas declarações segundo as quais os negros foram "amaldiçoados por Deus".

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