Brasil

Reintegração no Recife acaba com 3 feridos e 4 presos

Um consórcio de empreiteiras pretende implantar um projeto imobiliário de R$ 800 milhões que inclui 12 torres de até 40 andares


	#Ocupe Estelita: os acampados estavam no local desde o dia 21 de maio
 (Wikimedia Commons/Direitos Urbanos/Divulgação)

#Ocupe Estelita: os acampados estavam no local desde o dia 21 de maio (Wikimedia Commons/Direitos Urbanos/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2014 às 13h09.

Recife - Quatro pessoas foram detidas e três ficaram feridas durante a reintegração de posse da área do Cais José Estelita, no bairro de São José, no Recife, na manhã desta terça-feira, 17.

No local, um consórcio de empreiteiras pretende implantar um projeto imobiliário de R$ 800 milhões que inclui 12 torres de até 40 andares.

Para cumprir a decisão da Justiça de reintegração, a Polícia Militar de Pernambuco chegou às 5h15 e utilizou a Tropa de Choque e a Cavalaria.

De acordo com advogados dos ativistas do grupo Direitos Urbanos, a PM usou "arbitrariedade e violência" para retirar os cerca de 50 acampados que se encontravam na área. A PM não informou o efetivo utilizado, mas, segundo os ativistas, havia pelo menos 150 homens.

Os acampados estavam no local desde o dia 21 de maio, quando o Consórcio Novo Recife começou a demolir galpões da área numa ação que foi suspensa pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por ser uma área com interesse histórico e cultural.

"Estamos vivendo um estado de exceção em que o poder econômico determina as ações do poder do Estado", afirmou a advogada Liana Cirne Lins, que chegou a ser atingida por um cassetete ao tentar entrar na área para negociar uma saída pacífica.

"Estranhamos o fato de a reintegração ter sido feita sem aviso prévio, em dia de jogo do Brasil e estando o projeto em negociação."

Um outro advogado do movimento foi atingido por spray de pimenta e declarou que os oficiais de Justiça foram omissos e atendiam diretamente as ordens dos representantes do Consórcio Novo Recife, que é formado pelas empreiteiras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos e GL Empreendimentos.

A assessoria de imprensa do consórcio disse que foi cumprida uma decisão que foi concedida no dia 29. De acordo com o Ministério Público de Pernambuco, a decisão de reintegração de posse foi alvo de um agravo, pois o procedimento adotado não foi correto.

A decisão foi concedida na segunda instância judicial, quando caberia à primeira.

O porta-voz da PM, o capitão Júlio Aragão, disse que o efetivo chegou ao local às 5h15 e quis negociar com os acampados, que se opuseram. Diante da negativa, uma oficial de Justiça que acompanhava a reintegração de posse solicitou o uso da força. A reintegração ocorreu de fato às 6h17, segundo a PM. Os ativistas negam que tenha havido negociação.

De acordo com a PM, quatro pessoas foram detidas por "desobediência, incitação à violência e ameaça aos policiais". Ainda segundo a PM, a arquiteta Cristina Lino Gouvêa, de 33 anos, agrediu uma policial com mordidas e o estudante Jordi Ricardo Souza da Hora estava com dois estilingues.

Também foram detidos o peruano Librian Shiozawa e o argentino Milton Ivan Petruczok. Os feridos foram atingidos por balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo.

#OcupaEstelita.

A advogada dos ativistas Carla Guareschi avaliou que a reintegração de posse não esvaziou o movimento #OcupaEstelita. "A mobilização promoveu o embargo do projeto que está em discussão", afirmou ela.

Desde o dia 3 de junho, o projeto é alvo de discussão mediada pela Prefeitura do Recife e com participação de representantes do #OcupaEstelita, do Consórcio Novo Recife, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades de sociedades civis.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasRecifeseguranca-digitalViolência policial

Mais de Brasil

'Tem gente que fuma para descontrair', diz líder da bancada da bala sobre maconha

PF avalia abertura de investigação contra deputado que ameaçou Lula: 'Quero mais é que ele morra'

Comissão de Segurança do Senado aprova porte de arma para defesa pessoal de advogados

TCU analisa nesta quarta resultados preliminares de auditoria na Previ após déficit em 2024