Brasil

Reintegração de posse termina em confronto em Porto Alegre

Ao menos oito pessoas, entre elas um deputado estadual, foram presas durante a reintegração de posse de um edifício no centro de Porto Alegre

Governador José Ivo Sartori: Governo do estado justificou a ação da BM e a retirada das famílias (Reuters/Reuters)

Governador José Ivo Sartori: Governo do estado justificou a ação da BM e a retirada das famílias (Reuters/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 15 de junho de 2017 às 16h58.

Ao menos oito pessoas, entre elas um deputado estadual, foram presas em confronto ontem (14) à noite, durante a reintegração de posse de um edifício no centro de Porto Alegre. Cerca de 70 famílias da Ocupação Lanceiros Negros, que viviam no prédio, foram despejadas pela Brigada Militar (BM) gaúcha. A ação policial começou por volta das 19h.

Pouco antes, havia começado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alergs) uma audiência pública para debater a situação das famílias da ocupação, uma vez que o prédio pertence ao estado. Ao tomar conhecimento de que a BM já se encontrava no prédio para reintegração de posse, o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alergs, deputado Jeferson Fernandes, decidiu transferir a audiência para a frente do edifício.

A BM, ao perceber a chegada de manifestantes e outras pessoas que participavam da audiência, disparou bombas de gás contra a multidão. Jeferson Fernandes e alguns militantes tentaram conversar com os policiais, que reagiram com spray de pimenta e tiros de borracha. No meio da confusão, os policiais prenderam o deputado e pelo menos outras sete pessoas. Todos foram liberados cerca de três horas após a ação.

Liminar

O despejo da Ocupação Lanceiros Negros foi determinado em despacho da juíza Aline Santos Guaranha, da 7ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre. Durante a reintegração de posse, os ocupantes tentaram uma liminar para suspender a ação policial, mas o pedido acabou indeferido pela desembargadora Adriana da Silva Ribeiro.

As cerca de 70 famílias que ocupavam o edifício desde novembro de 2015 foram encaminhadas ao Centro Vida, na zona norte de Porto Alegre.

Repercussão

Após a desocupação, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) publicou uma nota de repúdio à ação da BM.

"Com bombas de efeito moral, spray de pimenta e um forte aparato do Grupo de Ações Táticas Especiais, a Brigada Militar começou a ação de reintegração de posse da Ocupação Lanceiros Negros, sem portar nenhum mandado de reintegração, sem nenhum diálogo com as lideranças do movimento. Todos os policiais estavam sem identificação, demostrando a face fascista da operação", informou o movimento.

O MLB destacou que, antes da chegada da Ocupação Lanceiros Negros, o prédio estava abandonado há 12 anos. "Essa brigada e o governo são violadores de direitos. Colocaram na rua, no frio, com fome, mulheres, gestantes, crianças, indígenas e trabalhadores que hoje não têm para onde ir. Mas isso não irá nos desmobilizar. Iremos fazer muita luta nessa cidade", afirmou Priscila Voigt, integrante do movimento.

Governo

O governo do Rio Grande do Sul também emitiu nota para justificar a ação da BM e a retirada das famílias da ocupação.

"Foram feitas sucessivas mediações e esgotadas todas as alternativas de resolução consensual de conflito ao longo de um ano e meio, na presença de representantes do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), seja perante o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) ou no Centro de Conciliação e Mediação da Procuradoria-Geral do Estado (PGE/RS)."

Conforme a nota, o local será reformado e ocupado pela Defesa Civil e por setores da Casa Civil gaúchas. Segundo o governo, "o prédio invadido oferece risco por ser histórico, impróprio para habitação, sobretudo pelo piso antigo estar cedendo".

Acompanhe tudo sobre:Porto AlegrePrisõesRio Grande do Sul

Mais de Brasil

Bolsonaro nega participação em trama golpista e admite possibilidade de ser preso a qualquer momento

Haddad: pacote de medidas de corte de gastos está pronto e será divulgado nesta semana

Dino determina que cemitérios cobrem valores anteriores à privatização

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos