LGBTQIA+: em 2020 foram 556 candidatos em todo o Brasil. (FatCamera/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 18 de maio de 2022 às 18h14.
Na última eleição, realizada em 2020 para os cargos de prefeito e vereador, foram eleitos 97 candidatos LGBTQIA+ em todo o país. Isso representa 17% do total de 556 postulantes a um cargo eletivo municipal. Ao olhar os números por região, há uma desigualdade. Entre os eleitos, 61% estão no Sudeste, 18% estão na região Sul, 12% no Nordeste, 5% no Norte, e apenas 4% no Centro-Oeste.
Os números são do relatório "A Política LGBT+ Brasileira: entre potências e apagamentos", feita pela organização #VoteLGBT, com apoio da ERA Fund, Victory Institute e Google.org, divulgado no último dia 17 de maio, marcado como o Dia Internacional Contra a LGBTfobia.
“A primeira informação que a pesquisa nos mostra é uma vitória com um número recorde de pessoas eleitas. Mas essas candidaturas tiveram sucesso a despeito dos partidos, que estão subfinanciamento as campanhas LGBTQIA+. Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, elas recebem, em média, 2% do teto de gastos dos partidos”, explica Evorah Cardoso, pesquisadora e integrante do #VoteLGBT.
Como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tem dados sobre orientação sexual e identidade de gênero dos candidatos e eleitos, a primeira etapa da pesquisa teve como método a coleta de dados a partir de com 30 pessoas (26 eleitas e 4 não eleitas) que passaram pela última corrida eleitoral.
Em seguida, a organização enviou um questionário anônimo para todos os partidos brasileiros para analisar a experiência das pessoas LGBTQIA+ filiadas às legendas.
Os dados ainda revelam que a maior parte das candidaturas de 2020, 65%, estão alocadas em partidos com um perfil ideológico de esquerda, 22% de centro, e 13% de direita. Entre os que foram eleitos, as percentagens são similares: 54% pertencem a legendas de esquerda, 24% com um perfil ideológico de centro, e 22% se identificam como de direita.
Para as eleições em outubro deste ano, a pesquisadora Evorah Cardoso acredita que os números serão piores que os da eleição de 2018. O primeiro diagnóstico foi feito há quatro anos, em que foram eleitos seis deputados estaduais, quatro deputados federais e um senador. O total de candidaturas foi de 157.
Para ela, a questão envolve a distribuição de recursos. “A gente não é favorável ao financiamento privado. Ele deve ser público para que haja critérios de distribuição de recursos. A grande mobilização agora é convencer os partidos de que precisa ter candidatura LGBTQIA+”, diz.
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