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Reforma ministerial de Dilma dissemina tensão entre aliados

Primeiras negociações semearam mais tensão do que união entre os aliados, e as dificuldades para expandir a base governista aumentam a cada dia.


	Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de posse dos novos Ministros de Estado da Casa Civil, da Educação, da Saúde e da Secretaria de Comunicação Social
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de posse dos novos Ministros de Estado da Casa Civil, da Educação, da Saúde e da Secretaria de Comunicação Social (Roberto Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 19h45.

Brasília - Um dos objetivos centrais da presidente Dilma Rousseff com a reforma ministerial é ampliar sua aliança para disputar a reeleição neste ano, mas as primeiras negociações semearam mais tensão do que união entre os aliados, e as dificuldades para expandir a base governista aumentam a cada dia.

Além de questões políticas, a presidente também tem dificuldades para atrair nomes de peso para pastas como a do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Novos ministros assumem os postos apenas por meses e dificilmente conseguem imprimir suas marcas na administração pública.

Os aliados também avaliam que Dilma perdeu o momento certo das mudanças porque esperou o retorno do recesso no Congresso e, agora, as negociações ficam contaminadas com a pauta da Câmara dos Deputados e do Senado.

Dilma mudou quatro ministros até agora. Na Educação entrou José Henrique Paim no lugar de Aloizio Mercadante, que foi para a Casa Civil. Arthur Chioro foi nomeado ministro da Saúde, substituindo Alexandre Padilha, e o ex-porta-voz da Presidência Thomas Traumann assumiu a Comunicação Social, antes liderada pela jornalista Helena Chagas.

Nesta semana, após três rodadas de negociações com o maior partido de sua coalizão, o PMDB, Dilma teve o maior revés na reforma ministerial iniciada na semana passada. A bancada do partido na Câmara, descontente e se sentindo menosprezada pela presidente, segundo um peemedebista, emitiu nota abrindo mão de indicar nomes para o primeiro escalão.

A irritação dos deputados peemedebistas aprofundou-se e pode prejudicar as votações do Congresso depois que Dilma disse, em uma reunião com o vice-presidente, Michel Temer, que o partido não teria o número de pastas sob seu comando ampliada de cinco para seis.

A insatisfação não ficou apenas no PMDB. Nesta quinta-feira, o PTB também informou que, se convidado por Dilma, não indicará um nome para o ministério.

"Se formos convidados, não vamos indicar ninguém para que a presidente fique à vontade para montar como achar melhor seu ministério para esse ano. Sem ressentimentos", disse à Reuters o presidente em exercício do partido, Benito Gama, que é vice-presidente de governo do Banco do Brasil.


Segundo ele, isso não muda a decisão do partido de apoiar formalmente Dilma na reeleição, nem altera o apoio que os petebistas têm dado ao governo no Congresso. As negociações comandadas pela presidente indicavam que ela daria o ministério do Turismo para o PDT e o próprio Gama seria o ministro.

Na quarta-feira, Dilma também se reuniu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e conversou sobre as mudanças no ministério. Mas segundo um parlamentar do partido, que falou sob condição de anonimato à Reuters, ela não convidou a legenda para nenhuma pasta.

Atualmente, o PSD está representada no primeiro escalão com o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que comanda o Ministério das Micro e Pequenas Empresas.

"Neste momento me surpreenderia se o partido indicasse um novo ministro", afirmou o parlamentar do PSD.

Desenvolvimento

Afif chegou a ser cotado para ocupar o Ministério do Desenvolvimento, mas ele negou uma transferência para a pasta, segundo o parlamentar da legenda.

No Ministério do Desenvolvimento e no PT de Minas Gerais, a expectativa é de que o titular Fernando Pimentel deixe o governo até a próxima quinta-feira para dar início à pré-campanha da disputa estadual.

Dilma tem se esforçado para encontrar um novo ministro no meio empresarial, mas até agora o governo só ouviu negativas, o que pode levar a presidente a adotar uma solução caseira para a pasta.

Se for essa a solução, um nome que circula nos corredores do ministério é o do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges, um dos responsáveis pela elaboração da atual política industrial.

Dilma também quer incorporar ao governo o recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (Pros), para onde migrou o governador do Ceará, Cid Gomes, depois de romper com o PSB, que lançará seu presidente e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência.

O presidente da legenda, Eurípedes Júnior, disse que conversou com Dilma sobre o ingresso do governo em novembro e desde então não foi convidado novamente para negociar cargos no primeiro escalão. O partido deve se reunir na próxima semana com Mercadante para retomar as conversas.

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