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Reforma da Previdência não pode parar Congresso, diz Maia

O Executivo e sua base têm trabalhado para obter pouco mais do que os 308 votos exigidos para aprovar a reforma

Maia: o deputado lembrou que o Palácio do Planalto assistiu o desgaste de sua base ao longo do ano passado (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Maia: o deputado lembrou que o Palácio do Planalto assistiu o desgaste de sua base ao longo do ano passado (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 20h33.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira que o Legislativo não pode ter seus trabalhos paralisados em função da reforma da Previdência caso o governo não consiga angariar os votos necessários para votá-la em fevereiro.

O Executivo e sua base têm trabalhado para obter pouco mais do que os 308 votos exigidos para aprovar em dois turnos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras previdenciárias, e o próprio Maia vinha declarando que não colocará a medida em votação se ela não contar com o apoio necessário.

"Se não chegarmos aos 308 votos, não adianta a gente parar o Congresso por seis meses, porque depois será eleição e aí teremos um ano parados", disse o presidente da Câmara em conferência latino-americana do Banco Santander em Cancún.

Maia lembrou que o Palácio do Planalto assistiu o desgaste de sua base ao longo do ano passado. Segundo o presidente da Câmara, o número de aliados do governo do presidente Michel Temer passou de aproximadamente 360 deputados para cerca de 260 após as duas denúncias criminais contra o presidente.

"Então não adianta colocarmos aqui um discurso otimista, vamos trabalhar com os dados da realidade, e a realidade é que o Brasil, o governo precisa reorganizar sua base, e para isso conta comigo e com os principais líderes na Câmara e no Senado para que a gente tente construir um caminho ainda no mês de fevereiro", disse.

O início da discussão da reforma está previsto para o dia 5 de fevereiro, mas o debate deve ser interrompido pelo feriado do Carnaval. A expectativa é que a votação da PEC comece a partir do dia 19 de fevereiro.

Maia aproveitou para avaliar o contexto político do país e apontou que ainda há "muita volatilidade eleitoral" pela frente.

"Acho que fazer previsão agora do processo eleitoral brasileiro é muito difícil", afirmou, acrescentando que as eleições estão a "cem anos de distância do dia de hoje".

O deputado, que embora não tenha se colocado na disputa tem sido citado como um dos nomes possíveis na corrida pelo Planalto em outubro, defendeu ainda que o campo da centro-direita possa se definir para ganhar espaço na arena eleitoral.

"O campo que eu represento, o campo mais centro-direita no Brasil, ele tem muita dificuldade num primeiro momento porque o discurso é muito racional", disse.

"Por isso que acho que quando você coloca nomes como o do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), do governador (de São Paulo), Geraldo Alckmin, a intenção de voto é muito aquém do que poderia", afirmou, defendendo que esse campo comece a introduzir debates que gerem "polêmica".

"Porque senão também quem não gera polêmica não é visto."

Maia também reservou parte de seu discurso na conferência para tecer críticas ao que considerou "interferências" do Judiciário que "bloqueiam" ações do Executivo, referindo-se a liminares que suspenderam ações e medidas provisórias do governo.

Também dirigiu comentários à Justiça trabalhista. Para o deputado, há "mitos" no Brasil que servem para beneficiar "segmentos da sociedade". "A legislação trabalhista serve para garantir uma mega estrutura de juízes na área trabalhista que representa quase 50 por cento do Judiciário federal brasileiro", disse.

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