Consumidor catarinense é considerado um dos mais exigentes do país, revela estudo (Ricardo Wolffenbuttel/Divulgação)
Editor da Região Sul
Publicado em 29 de julho de 2025 às 19h18.
Última atualização em 29 de julho de 2025 às 20h49.
Santa Catarina é um celeiro de histórias de empreendedores que saíram de trás de um pequeno balcão e construíram redes de varejo alimentar que hoje figuram entre as maiores do país. Diante dos números do setor supermercadista, a comparação é inevitável: o segmento atua como uma espécie de motor da economia catarinense, representando a segunda maior fonte de receita do Estado.
Em 2024 foram arrecadados R$ 4,4 bilhões em ICMS, atrás apenas dos combustíveis e lubrificantes, com R$ 7,5 bilhões em impostos aos cofres do Executivo. São 16 mil lojas que geram empregos diretos para 200 mil famílias. SC ocupa a 20ª posição em extensão territorial no país, mas é a quarta colocada em receita do setor, segundo o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) de 2025
O faturamento dos supermercados em Santa Catarina foi de R$ 40,5 bilhões em 2024, um crescimento de 15,7% na comparação com o ano anterior .A tendência para 2025, mesmo diante do cenário de incertezas, é de que se mantenha acima da média nacional.
Empreendedorismo está no DNA dos principais grupos do setor em Santa Catarina (Ricardo Wolffenbuttel/Divulgação)
Cinco empresas catarinenses estão entre as 50 maiores do Brasil no Ranking ABRAS 2025, que lista as maiores empresas supermercadistas do país, com base no desempenho do ano anterior. O levantamento foi desenvolvido pelo Departamento de Economia e Pesquisa da associação, em parceria com a NielsenIQ.
O Grupo Koch, com sede em Itapema, no Litoral Norte, manteve sua posição de destaque e aparece em 10º lugar, com um faturamento de R$ 10,3 bilhões. Na 27ª colocação está o Grupo Giassi, de Içara, no Sul do Estado, que registrou R$ 4 bilhões. Na sequência, em 30º, o Grupo Angeloni, de Criciúma, também da região Sul, teve faturamento de R$ 3,8 bilhões.
O Grupo Mundialmix (Imperatriz), com sede em Palhoça, na Grande Florianópolis, alcançou a 36ª posição, com R$ 2,7 bilhões, e o Grupo Passarela, de Concórdia, no Meio-Oeste, aparece na 39ª colocação, com R$ 2,6 bilhões de faturamento em 2024. Além das empresas sediadas no Estado, o Grupo Pereira, fundado em Itajaí, mas com atuação nacional, figura na 7ª colocação geral, com faturamento de R$ 15,3 bilhões. O grupo opera no Estado com as bandeiras Comper e Fort Atacadista.
Para compreender este desempenho é preciso uma análise detalhada sobre o perfil dos clientes. Pesquisa do Instituto Locomotiva, contratado pela Associação Catarinense de Supermercados (ACATS), em 2024, identificou o consumidor catarinense como um dos mais exigentes do país. Em um cenário em que metade dos brasileiros vive com uma renda familiar de até R$ 3.255,00, em Santa Catarina esse valor sobe para R$ 4.971,00, evidenciando um poder de compra 26% superior à média nacional.
O Estado possui a menor proporção de pessoas nas classes D e E e ocupa a segunda posição em concentração de consumidores das classes A e B, atrás apenas do Distrito Federal. O consumo mensal das famílias catarinenses atinge R$ 10,5 mil por domicílio, sendo que R$ 1.477,00 – cerca de 14% do orçamento – é destinado a supermercados e hipermercados, canais preferidos para compras de reposição e oportunidade, enquanto os atacadistas são buscados para abastecimento.
Outro destaque é a valorização das marcas locais: quase metade dos catarinenses prefere produtos regionais, reforçando um sentimento de pertencimento e abrindo oportunidades para que empresas do estado fortaleçam seus laços com o consumidor.
Alexandre Simioni, presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats) (Ricardo Wolffenbuttel/Divulgação)
A trajetória do presidente da Associação Catarinense de Supermercados (ACATS), Alexandre Simioni, é um retrato da ascensão do setor no Estado. O Grupo Passarela, fundado por ele, começou de forma modesta, em 1986, com uma lanchonete à beira de uma passarela sobre o Rio Queimados, em Concórdia.
Em 1990, a pequena estrutura se transformou no primeiro supermercado da rede, que hoje é a 5ª maior do Estado e está entre as 40 maiores do Brasil. O nome Passarela foi mantido como homenagem à origem. A partir dali iniciou-se uma trajetória marcada por crescimento sólido e continuado.
Hoje são 22 lojas, sendo 12 em SC, e 10 no Rio Grande do Sul. Este ano ainda inauguram mais quatro lojas, chegando a 26, com 3,5 mil colaboradores e uma previsão de faturamento em 2025 de R$ 3,5 bilhões. “Somos presença diária na vida dos catarinenses e gaúchos e fundamentais para o equilíbrio econômico e social dos Estados”, afirma Simioni.
Histórias semelhantes são vistas em redes como Grupo Koch, Giassi, Angeloni e Mundialmix (Imperatriz), que estão entre os cinco maiores no Estado, de acordo com o ranking da ABRAS e cresceram mantendo vínculos fortes com suas comunidades e investindo em profissionalização e tecnologia.
Em um setor tão dinâmico e competitivo como o supermercadista, estar à frente das transformações é mais que um diferencial – é uma necessidade. Com esse olhar voltado para o futuro, a ACATS inovou ao criar, em 2020, o Comitê de Sucessores. A iniciativa veio como resposta à crescente demanda por uma “passagem de bastão” eficaz e estruturada nas empresas, especialmente em um cenário que exige adaptação constante.
Hoje, o comitê conta com 35 membros. “Mais do que garantir a sucessão nas empresas familiares – que representam grande parte do varejo catarinense –, o comitê busca moldar líderes que saibam equilibrar tradição e modernidade”, afirma Simioni.O comitê tem como objetivo preparar as novas gerações para assumir funções de liderança, mantendo a continuidade e inovação nos negócios familiares, que representam grande parte do varejo catarinense. Através de encontros, palestras e treinamentos especializados, proporciona aos jovens empresários e sucessores o desenvolvimento de habilidades de gestão, liderança e empreendedorismo.