Brasil

Recurso de Lula contra condenação chega ao STJ

O petista não pode concorrer devido à Lei da Ficha Limpa, por ser condenado em segunda instância pelo crime de corrupção

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: julgamento da candidatura acontece hoje (31) no TSE (Leonardo Benassatto/Reuters)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: julgamento da candidatura acontece hoje (31) no TSE (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de setembro de 2018 às 16h42.

Brasília - A apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação no caso do Tríplex do Guarujá chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na noite de ontem. Preso desde abril, Lula pede a absolvição e a anulação da sentença ou mesmo do processo em que foi condenado na 13ª Vara Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Diante da declaração do presidente do STJ, João Otávio Noronha, de que a tramitação do recurso de Lula será breve e deverá durar entre 30 e 40 dias, abre-se uma perspectiva de que o julgamento possa ser realizado entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais, das quais Lula está afastado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que apontou inelegibilidade do petista. O petista não pode concorrer devido à Lei da Ficha Limpa, por ser condenado em segunda instância pelo crime de corrupção.

A defesa de Lula ainda pode apresentar ao STJ um pedido de tutela provisória, com o objetivo de obter uma liminar para suspender os efeitos da condenação - a prisão e a consequente inelegibilidade. Advogados do petista estão analisando que providências podem ser tomadas.

Se o STJ discordar do TRF-4 e enxergar "vícios" e ilegalidades na sentença, Lula poderia ter a pena diminuída ou mesmo anulada. Uma hipotética absolvição de Lula no STJ poderia não só retirá-lo da prisão como devolver a condição de elegibilidade que está afastada devido à condenação em segunda instância.

"Chegando ao STJ, em 30, 40 dias, esse processo será julgado", disse Noronha na quarta-feira, um dia antes do envio do recurso pelo TRF-4 ao STJ. Este seria o prazo natural, segundo o ministro, sem antecipação devido ao cenário político-eleitoral. "Esse processo será julgado como de regra tem sido julgado. Não importa se tem ou não tem eleição, esse processo tem sido julgado nesse prazo", acrescentou o presidente.

O relator do processo no STJ é o ministro Felix Fischer, que conduz as ações da Lava Jato na corte. O presidente do tribunal elogiou o ministro-relator. "Eu conheço os ministros da casa, conheço Fischer, ele tem um gabinete rigorosamente em dia. Ele é uma referência na área penal. Estamos muito bem servidos", disse Noronha.

O PT tem até a próxima terça-feira, 11 de setembro, para substituir Lula por Fernando Haddad como candidato a presidente da República. Enquanto isso, o partido espera que a ministra Rosa Weber, presidente da Corte Eleitoral, analise antes desta data o recurso extraordinário apresentado contra a decisão do TSE que negou o registro do candidato.

Se a decisão de Rosa não for tomada até o dia 11, o partido poderá se ver obrigado a trocar de candidato, mesmo sem ter esgotado os recursos nos quais tenta reverter a inelegibilidade do ex-presidente da República.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaSTJ

Mais de Brasil

Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Operação da PF contra Bolsonaro traz preocupação sobre negociação entre Brasil e EUA, diz pesquisa

Tornozeleira eletrônica foi imposta por Moares por “atos de terceiros”, diz defesa de Bolsonaro

Após operação da PF contra Bolsonaro, Lula diz que será candidato a reeleição em 2026