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Rebelião deixa 56 mortos em presídio do Amazonas

Principal hipótese é de confronto entre facções rivais. Há relatos de que presos foram decapitados

Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM) (SEAP/AM/Divulgação)

Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM) (SEAP/AM/Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 11h45.

Última atualização em 3 de janeiro de 2017 às 11h12.

São Paulo – Um possível confronto entre facções rivais deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), entre o final da tarde de ontem (1º) e a manhã de hoje. A rebelião durou 17 horas e há relatos de que alguns corpos foram decapitados, queimados e mutilados. Houve também fuga de 184 detentos no presídio em que a rebelião aconteceu e em outro vizinho.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, esse é o maior massacre do sistema prisional do estado.

A principal hipótese é de que o massacre tenha sido causado por um confronto entre a facção Família Do Norte (FDN), que domina prisões do Amazonas, e o Primeiro Comando da Capital (PCC) em uma provável disputa por controle de território.

"Tudo indica que foi um ataque de uma facção maior contra uma menor para eliminar a concorrência", disse o secretário de Segurança Pública do Amazonas em entrevista coletiva na noite de domingo.

Entenda

A rebelião começou no início da tarde desse domingo (1º). Agentes penitenciários da empresa terceirizada Umanizzare e 74 presos foram feitos reféns. Parte desses detentos foram assassinados e ao menos seis deles foram decapitados. Corpos foram arremessados por sobre os muros do complexo.

Poucas horas antes do início da rebelião no Compaj, 72 detentos escaparam de outra unidade prisional de Manaus, o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). O próprio secretário chegou a afirmar que a fuga do Ipat pode ter servido como "cortina de fumaça" para acobertar a ação no Compaj.

Segundo Fontes, as forças de segurança optaram por não entrar no Compaj por considerar que as consequências seriam imprevisíveis. "[A rebelião] Foi gerida com negociação e com respeito aos direitos humanos", disse Fontes, garantindo que os líderes da rebelião serão identificados e responderão pelas mortes e outros crimes.

O governo do Amazonas vai alugar um contêiner frigorífico para guardar os corpos dos presos assassinados porque o Instituto Médico Legal (IML) da capital amazonense não tem capacidade para receber todos os mortos.

Facções em guerra

Em outubro, conflito entre PCC e o Comando Vermelho deixou mais de 20 mortos em presídios do Norte e Nordeste.

Naquele momento, segundo comunicados enviados pelo próprio PCC para seus membros, a briga teria sido uma resposta ao fato de que o Comando Vermelho teria firmado alianças com facções rivais do PCC, como a FDN. 

Grampos telefônicos da Polícia Federal revelam que os planos da FDN de assassinar membros do PCC que estariam presos em Manaus  vêm desde 2015. Em julho daquele ano, três líderes do PCC local morreram degolados em presídios do estado. No fim de semana seguinte às mortes, 38 pessoas com alguma ligação com o PCC foram assassinadas nas ruas de Manaus em um episódio que ficou conhecido como Fim de Semana Sangrento.

Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que o ministro Alexandre de Moraes acompanha o caso e que se coloca à disposição do governador do estado. O ministro deve viajar ainda nesta segunda (2) para Manaus a fim de debater a situação dos presídios do estado.

Nota do Ministério da Justiça

"Sobre a rebelião ocorrida entre a tarde de domingo (1) e a manhã desta segunda-feira (2) no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, o Ministério da Justiça e Cidadania informa que o ministro Alexandre de Moraes manteve durante todo o tempo contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira.

O ministro colocou-se à disposição do governador para tudo o que fosse preciso. O governador informou que neste momento a situação no complexo penitenciário já está sob controle. E que já utilizará para sanar os problemas os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) na última quinta-feira, 29 de dezembro.

*Com informações da Agência Brasil

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