Brasil: a agência de classificação de risco Standard & Poor's diminuiu a nota para a economia brasileira, de BBB para BBB- (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2014 às 21h55.
Rio de Janeiro - O rebaixamento na nota para a economia do Brasil, anunciado hoje (24) pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, pode levar a uma redução de investimentos estrangeiros no país, apesar de o Brasil ainda manter o grau de investimento, também conhecido pelo termo em inglês investment grade, mas agora com viés negativo.
A avaliação é economista Gilberto Braga, professor do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec-Rio).
A agência de classificação de risco Standard & Poor's diminuiu a nota para a economia brasileira, de BBB para BBB-, a nota de risco em moeda estrangeira de longo prazo do país com perspectiva neutra, o que indica que a classificação não será rebaixada nos próximos meses.
“Significa menos investimento estrangeiro para o país, na medida em que uma série de investidores internacionais têm regras para decisão de investimento e algumas dessas exigem que se tenha o investment grade ou investimento pleno. É um rebaixamento dentro do grau, que em vez de neutro, passa a ser um grau a menos. Isso certamente poderá afastar alguns investidores estrangeiros. Alguns fundos de pensão americanos exigem BBB pleno para cima”, disse Braga.
O economista considerou que o rebaixamento foi uma sinal de atenção para o governo. “É uma luz amarela. Luz vermelha seria se perdesse o grau de investimento. Mas se o Brasil não tomar cuidado, isso pode ocorrer. É como ser reprovado na escola. Se o Brasil fosse um estudante, teria ficado em recuperação, ainda dá para passar, mas também pode ser reprovado. Tem que abrir o olho e se esforçar.”
Para o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de Economia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV), o rebaixamento da nota de crédito do Brasil “é fruto da política adotada pelo governo nos últimos anos”.
Segundo ele, o governo não está cumprindo as metas de superávit primário desde 2009. Além disso, afrouxou a política fiscal, o que aumentou o risco do país. Ao mesmo tempo, a taxa de crescimento da economia não retomou o ritmo esperado.
“Acho que o resultado dessa política acabou criando condições para esse rebaixamento”, disse o economista da FGV, para quem já havia uma preocupação no mercado. Ele acrescentou que os cortes no orçamento anunciados recentemente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, já demonstravam essa preocupação.