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Raul Araújo assume corregedoria do TSE e herda 7 ações contra Bolsonaro

Conhecido por posições mais conservadoras, ministro vai herdar processos contra o ex-presidente

Raul Araújo: o ministro assume a relatoria de alguns processos movidos por partidos e políticos contra Bolsonaro (Antonio Augusto/Secom/TSE/Flickr)

Raul Araújo: o ministro assume a relatoria de alguns processos movidos por partidos e políticos contra Bolsonaro (Antonio Augusto/Secom/TSE/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de novembro de 2023 às 06h00.

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Raul Araújo toma posse nesta terça-feira, 21, como corregedor-geral da Corte, cargo que antes era ocupado por Benedito Gonçalves. Conhecido por seus posicionamentos mais conservadores, Araújo ficará na função até 2025 e herdará sete processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dois referentes ao atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A partir da posse, o ministro assume a relatoria de alguns processos movidos por partidos e políticos contra o ex-mandatário. Um deles é de autoria da Coligação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB), que elegeu Lula no ano passado. De acordo com o processo, Bolsonaro teria cometido uso indevido dos meios de comunicação ao atacar as urnas eletrônicas. Em outras duas ações, a chapa do atual presidente também acusa seu adversário de ter propagado desinformação e feito uso da máquina pública em benefício próprio.

Medidas como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) "Kamikaze", que ampliou o valor do Auxílio Brasil e o vale-gás para caminhoneiros a três meses antes da eleição, teriam o intuito de influenciar no pleito.

Até mesmo o discurso de Bolsonaro nas Nações Unidas será relatado por Raul Araújo. Em setembro do ano passado, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) acionou a Corte sob a alegação de que o então presidente havia cometido abuso de poder político e econômico durante a Assembleia. Thronicke diz que Bolsonaro fez campanha ao falar de seu governo e compará-lo com o de seu adversário.

A expectativa é de que eles não sejam pautados, já que Araújo tem se posicionado contra as condenações que Bolsonaro recebeu na Corte. Nos processos que tornaram o ex-presidente inelegível, como o referente ao sete de setembro e pela reunião dos embaixadores, o magistrado se manifestou pela elegibilidade.

Sobre Lula, o magistrado tem em mãos o processo referente a uma live realizada com artistas durante as eleições do ano passado, chamada de "showmício" por opositores. O presidente também é acusado de ter propagado desinformação contra Jair Bolsonaro por intermédio de seu aliado, o deputado federal André Janones (Avante-MG).

Raul Araújo proibiu Lollapalooza

Com posições mais ideológicas e alinhadas ao bolsonarismo, o ministro Raul Araújo foi quem proibiu manifestações políticas no festival Lollapalooza no ano passado. Na ocasião, artistas como Pabllo Vittar faziam menções positivas ao adversário de Bolsonaro, o atual presidente Lula (PT).

O magistrado afirmou que as manifestações caracterizavam propaganda eleitoral. Em seu despacho, definiu uma pena de multa de R$ 50.000,00 por ato de descumprimento. A medida atendeu um pedido do PL e teve repercussão nacional. Dias depois, o PL desistiu da ação e Raul Araújo revogou a decisão.

Quem é Raul Araújo?

Empossado como membro oficial do TSE no ano passado, o ministro Raul Araújo entrou para Corte na vaga de Mauro Campbell em 2020. Natural de Fortaleza, antes da Corte exerceu as funções de procurador-geral do Ceará, desembargador do Tribunal de Justiça e corregedor-geral da Justiça Federal.

Apesar da esperança de Bolsonaro, chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por indicação de Lula, ainda em 2010.

Formado em direito e economia, Araújo é mestre em Direito Público e professor licenciado da Universidade de Fortaleza, instituição na qual já coordenou o curso de especialização em direito tributário.

A composição do TSE

Entre os setes ministros que compõe o TSE, três pertencem ao Superior Tribunal Federal (STF) e dois ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para assumir a corregedoria, o magistrado precisa necessariamente ser originário do STJ. As demais indicações são feitas pelo presidente da República.

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