Brasil

Raiva e PT no centro podem definir eleições de 2018

Especialistas debatem eleições e preveem que mais do que esquerda e direita, raiva e falta de dinheiro privado serão fatores de peso em 2018

Bolívar Lamounier, sociólogo e sócio da consultoria Augurium e Ricardo Sennes, sócio da consultoria Prospectiva no Exame Fórum, dia 4 de setembro de 2017 (Germano Lüders/Site Exame)

Bolívar Lamounier, sociólogo e sócio da consultoria Augurium e Ricardo Sennes, sócio da consultoria Prospectiva no Exame Fórum, dia 4 de setembro de 2017 (Germano Lüders/Site Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 13h17.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h38.

São Paulo — Bolivar Lamounier, sociólogo e sócio da consultoria Augurium, disse hoje no EXAME Fórum, em São Paulo, que temos "um Brasil enraivecido em grau nunca visto em nossa história”.

A dúvida, portanto, é até que ponto a virulência será exaltada ou amenizada nos meses até a eleição de 2018.

"Se o ambiente for de desradicalização, Alckmin poderia ser um candidato competitivo com credibilidade", diz Bolivar.

Ele nota que não passa de 15%, em qualquer país, a proporção de quem sabe o que significa esquerda e direita, termos que servem apenas como "totens de auto identificação de tribos".

A direita em 2018 seria Jair Bolsonaro com seu discurso de lei e ordem e intervenção e nacionalismo na economia? Ou João Doria com teses mais próximas a empresários?

O que define a dinâmica brasileira para ele é uma "mescla perversa entre corporativismo e populismo", a aliança entre os que querem morder o erário e os que se apresentam como personificação da nação.

Ricardo Sennes, sócio da consultoria Prospectiva, concorda que uma visão estatista predomina e permeia sindicatos, empresários e políticos, orientados pelo fisiologismo e corporativismo.

Mas não vê polarização no campo nacional nem regional, e muito menos do ponto de vista ideológico. Ele diz que mais do que raiva, o elemento novo em 2018 seria a proibição de financiamento privado.

Os candidatos sempre dependeram e vão depender ainda mais de fundo partidário, tempo de televisão e capilaridade partidária, variáveis definidas pelo status quo atual.

Sua avaliação é que que Lula agiu de forma estratégica: diante de uma crise no PT, foi para a esquerda, evitou dissidências internas e agora deve voltar para o centro.

Um cenário possível é de Fernando Haddad encabeçando uma chapa com um empresário de vice. Uma estratégia para não encolher demais no Congresso seria lançar caciques regionais como deputados federais.

Bolivar diz que "seria otimismo demais achar que sociedade perderia raiva a ponto de Lula ficar competitivo sendo paz e amor".

Sennes não considera Doria um candidato viável nacionalmente, por ter um discurso privatista radicalizado que pode assustar a população no segundo turno. Mas tanto ele quanto Bolivar concordam em algumas coisas.

Uma é que Marina Silva perdeu relevância, até pela sua falta de recursos como tempo de TV e capilaridade. E outra é que as pretensões presidenciais de Doria dependem de sua permanência no PSDB:

"O Doria só foi viável como prefeito porque tinha uma coalizão ampla. Era o outsider, mas com 16 minutos de TV", diz Sennes.

Veja o vídeo com a entrevista de Sennes ao site EXAME:

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