Brasil

“Querem enterrar a Lava Jato”, alertam procuradores do MP

Os procuradores alertaram que um substitutivo do projeto de lei coloca "em risco" a maior investigação já desfechada contra a corrupção

PF: o substitutivo que inquieta os procuradores seria colocado em votação nesta quarta-feira (foto/Wikimedia Commons)

PF: o substitutivo que inquieta os procuradores seria colocado em votação nesta quarta-feira (foto/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de novembro de 2016 às 20h03.

São Paulo - Os procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato alertaram nesta quarta-feira, 9, que um substitutivo do projeto de lei 3636/2015 coloca "em risco" a maior investigação já desfechada contra a corrupção no País.

"Querem enterrar a Lava Jato", disse o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, decano da força-tarefa.

Lima e seus colegas convocaram a imprensa em Curitiba para anunciar o "repúdio à tentativa de líderes partidários de votar em regime de urgência na Câmara dos Deputados o projeto que altera a Lei de Organização Criminosa".

O substitutivo que inquieta os procuradores seria colocado em votação nesta quarta-feira, em regime de urgência, na Câmara. A sessão foi adiada depois que o Ministério Público Federal se manifestou contra a proposta.

Na avaliação da força-tarefa da Lava Jato, na prática, se o texto for aprovado, "vai acabar com os acordos de leniência já fechados em todo o País e barraria todos os outros".

"O substitutivo implicaria na extinção de punibilidade dos crimes, ou seja, a anistia de todos os crimes ocorridos na Lava Jato que estejam no âmbito das empreiteiras", adverte Carlos Lima. "As empresas fazem acordo com órgãos do Executivo e todos os crimes serão perdoados."

"Repetem-se aqui as tentativas do governo anterior de desfigurar a lei anti-corrupção, caracterizando-se essa manobra em intervenção na investigação da Operação Lava Jato e em outras dela decorrentes", afirmam.

O procurador Deltan Dalagnoll é taxativo. "Representaria uma anistia ampla para toda empreiteira que fechar acordo com órgãos do Executivo."

Segundo os procuradores, a alteração na lei que define organização criminosa "implicaria numa mudança de todo o cenário de acordos com empreiteiras e, consequentemente, de delações premiadas fechadas com executivos ligados a esses grupos".

"Não teremos, efetivamente, uma Lava Jato", prevê Carlos Lima.

Acompanhe tudo sobre:Operação Lava Jato

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP