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Quem vai para o 2º turno em SP? Eleição deve ser definida às vésperas da votação

Contingente de indecisos e candidatos que lutam para se tornar mais conhecidos a menos de duas semanas do 1º turno impactam a corrida eleitoral

Haddad, Garcia, Tarcísio: vaga no segundo turno em SP é um dos destaques da apuração neste domingo, 2 (Renato Pizzutto/Band/Divulgação)

Haddad, Garcia, Tarcísio: vaga no segundo turno em SP é um dos destaques da apuração neste domingo, 2 (Renato Pizzutto/Band/Divulgação)

CA

Carla Aranha

Publicado em 22 de setembro de 2022 às 13h37.

Última atualização em 22 de setembro de 2022 às 20h19.

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A dez dias das eleições, a campanha pelo governo de São Paulo, maior estado do país, segue indefinida. Segundo as pesquisas mais recentes, mais de 40% dos eleitores ainda não escolheram em quem votarão. Não à toa, a atenção aos números e as mudanças que possam surgir é crescente entre os candidatos.

Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) seguem tecnicamente empatados na última pesquisa EXAME/IDEIA, divulgada nesta quinta-feira, 22, com o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) na liderança, com 30% nas intenções de voto no primeiro turno em pergunta estimulada. "Mas essa é uma disputa que provavelmente será definida na véspera da eleição, já que os dois candidatos empatados em segundo lugar ainda são relativamente pouco conhecidos da massa dos eleitores e muita coisa pode mudar até o próximo final de semana", diz Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto especializado em opinião pública, e professor na Universidade George ­Washington, nos Estados Unidos. "É preciso olhar também a pesquisa espontânea, em que o eleitor não é apresentado a uma lista com o nome dos candidatos", afirma.

Nesse caso, Haddad aparece com 16% das intenções de voto, seguido por Tarcísio (13%) e Rodrigo Garcia (6%). Todas essas porcentagens, no entanto, são superadas pelo grande número de indecisos: 41% não têm ideia de qual candidato deverão escolher e 23% deverão votar em branco ou anular o voto, em pergunta espontânea.

Foram ouvidos 1,2 mil eleitores do estado de São Paulo entre os dias 16 e 21 de setembro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

A sondagem foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número SP-06629/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.

"Na semana que vem, os efeitos da campanha eleitoral estarão mais perceptíveis e poderão haver mudanças nas intenções de voto, inclusive na sexta-feira e sábado que antecedem as eleições", diz Moura. A movimentação no meio político é grande.

O atual governador e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia, tem recebido diariamente sondagens eleitorais realizadas por prefeitos do PSDB, que conquistou 172 dos 645 municípios paulistas em 2018. Seu entorno garante que os levantamentos mostram crescimento das intenções de voto de Rodrigo. Seja como for, outros líderes de pesquisa, como Tarcísio e Haddad, estão atentos às movimentações do tucano. As últimas pesquisas evidenciam que há muita emoção por vir nos próximos dias.

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“A disputa real para o governo de São Paulo começou só agora, em razão do foco que a corrida presencial vem exercendo e o fato de que dois importantes candidatos em São Paulo não desfrutavam de tanto conhecimento da população”, diz o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa.

Ao mesmo tempo, a avaliação da administração de Rodrigo vem crescendo hoje, 25% dos paulistas veem a gestão do governador como positiva, diante de 19% em maio, de acordo com levantamento da Quaest divulgado no último dia 08. No interior, 27% analisam positivamente o governo paulista, enquanto 12% o avaliam de forma negativa (na capital, esse índice é de 22%). Outros institutos trazem dados semelhantes. “Caso o índice de avaliação positiva continue crescendo, é possível que o candidato conquiste mais votos”, analisa Márcia Cavallari, CEO do Ipec.

As apostas se voltam para um crescimento da candidatura tucana, embora nem institutos de pesquisa ou partidos arrisquem palpites mais certeiros. Nos bastidores, legendas pró e contra a atual administração estadual comentam que o governador é considerado um político bom na “amarração” com prefeituras. Políticos habilidosos nesse quesito costumam ter proximidade com as administrações municipais, que puxam votos nas eleições.

“Sempre fizemos uma gestão municipalista, estando muito próximos às prefeituras, com prefeitos do PSDB e aliados”, diz Marco Vinholi, presidente do PSDB em São Paulo. “E o governador foi secretário de três administrações estaduais, inclusive na pasta de habitação, entregando casas”.

Na reta final das eleições, o tucanato também tenta se equilibrar na corda-bomba da polarização da escolha para presidente. “Nas pesquisas, Rodrigo é visto como uma espécie de terceira via em São Paulo, alguém que não se alinha muito nem com um lado nem outro”, diz Nunes. “O governador puxou a pauta para São Paulo ao invés de seguir um modelo ideológico”, afirma Vinholi. Por enquanto, é essa a estratégia que deve prevalecer, embora nomes mais antigos da legenda se mostrem mais inclinados a apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O partido, no entanto, deve evitar se posicionar formalmente antes do segundo turno. “Há uma demanda nas eleições estudais em São Paulo por um candidato que não seja ligado a Lula ou Bolsonaro e os tucanos vêm aproveitando esse espaço”, diz Nunes.

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