Tarcísio: governador eleito toma posse em janeiro (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de novembro de 2022 às 11h59.
Última atualização em 26 de novembro de 2022 às 12h00.
O governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) já definiu o nome de cinco secretários que vão chefiar pastas a partir de janeiro de 2023. O ex-ministro tenta equilibrar a pressão de bolsonaristas e de partidos que compuseram sua coligação por cargos, enquanto mantém a afirmação de que vai escolher apenas quadros técnicos para os cargos. Os anúncios acontecem a conta-gotas desde o início desta semana.
Segundo o coordenador do governo de transição Guilherme Afif, o número de secretarias deve se manter o mesmo, ainda que algumas possam passar por fusões ou desmembramento. Hoje São Paulo possui 23 secretarias, além de quatro extraordinárias e a Procuradoria Geral do Estado.
O escolhido para chefiar a pasta foi Renato Feder, paulistano que deixará o posto de secretário de Educação do Paraná para assumir a função no Estado natal. Feder é graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em Economia pela USP. Antes de atuar na administração pública paranaense foi assessor especial da Secretaria de Educação de São Paulo. Em 2017, ele abordou em um evento o então secretário José Renato Nalini, na gestão de Geraldo Alckmin, e pediu um emprego na secretaria.
O futuro secretário de Saúde de São Paulo será o médico Eleuses Paiva. Ele foi presidente da Associação Médica Brasileira por dois mandatos, de 1999 a 2005. Ex-vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), é um dos nomes indicados pelo grupo político de Gilberto Kassab (PSD). Especializado em medicina nuclear pela USP, foi deputado federal em três legislaturas, duas delas assumindo como suplente.
Paiva foi da ampliação do acesso à vacina anticovid ao longo da pandemia para controlar a disseminação do vírus. Também defendeu o uso de máscaras, além de ser crítico à falta de diálogo do governo federal com Estados e municípios durante os surtos da doença. A postura de Paiva destoa de medidas propostas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que discordava, por exemplo, do distanciamento social para impedir o aumento de casos da doença. Durante a campanha, Paiva disse que um dos focos do novo governo será a integração da atenção primária com as prefeituras e o investimento na telemedicina.
Ao assumir como deputado suplente na Câmara dos Deputados neste ano, Eleuses foi favorável ao fim do rol taxativo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que obriga planos de saúde a cobrir tratamentos que estão fora da lista obrigatória de procedimentos previstos.
O novo chefe da Casa Civil será o advogado Arthur Lima, que compõe o quadro de secretários indicados pelo próprio governador eleito e é considerado um nome técnico, que não tem filiação partidária. Ele é advogado e bacharel em ciências militares pela Academia Militar das Agulhas Negras. Lima chegou a ocupar o cargo de diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (atual Infra S.A.) e foi diretor-executivo do Fundo de Saúde da Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal. Ele atuou como um auxiliar da confiança estrita de Tarcísio no Ministério da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) e agora é um dos coordenadores do grupo de transição.
O nome escolhido por Tarcísio para chefia a secretaria análoga ao ministério que ele chefiou na gestão Bolsonaro é Natalia Resende. Ela vai comandar uma "supersecretaria", que incorpora a de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes.
Graduada em direito e engenharia civil, Natalia Resende é procuradora federal e foi consultora jurídica no ministério da Infraestrutura. Também atuou na coordenação da Câmara Nacional de Infraestrutura e Regulação (CNIR/CGU). Ela ainda esteve com Tarcísio na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Segundo o governador eleito, Resende auxiliou na estruturação de "uma centena de leilões". É a primeira mulher anunciada para o secretariado.
O novo secretário de Governo da nova gestão será o presidente do PSD Gilberto Kassab. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo novo governo, mas Tarcísio de Freitas confirmou a informação ao ser questionado por jornalistas ao chegar a evento organizado pelo Esfera Brasil, em hotel no Guarujá.
O cacique do PSD foi prefeito da capital paulista (2006-2012), ministro das Cidades (2015-2016) na gestão de Dilma Rousseff (PT) e ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (2016-2019) no governo de Michel Temer (MDB).
Ele chegou a ser anunciado para a Casa Civil em 2018, na véspera da gestão do ex-tucano João Doria, mas pediu licença do cargo antes mesmo de tomar posse, depois de se tornar alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal relacionada a uma delação do grupo J&F. Após dois anos licenciado, deixou oficialmente o cargo para tratar da articulação nacional do PSD.