Candidatos à PGR em debate em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (ANPR/Divulgação)
Luiza Calegari
Publicado em 25 de junho de 2017 às 06h00.
Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 19h05.
São Paulo - Oito candidatos se apresentaram para concorrer à vaga de Procurador-Geral da República, que Rodrigo Janot deixará aberta a partir de setembro ao decidir não tentar um terceiro mandato.
A eleição será realizada nesta terça-feira (27), e resultará em uma lista tríplice que será entregue ao presidente Michel Temer para que ele nomeie um dos indicados.
O presidente não tem obrigação de escolher entre os eleitos pelos demais procuradores, mas a tradição tem sido mantida ininterruptamente desde o primeiro mandato de Lula, em 2002, como forma de garantir a autonomia do poder Judiciário.
Desde então, todos os procuradores escolhidos foram os mais votados da lista tríplice: Claudio Fonteles (2003-2005); Antonio Fernando (2005-2009); Roberto Gurgel (2009-2013) e Rodrigo Janot (2013-atual).
Conheça um pouco mais sobre cada um dos candidatos a seguir:
O vice-procurador geral é o candidato de Janot, e ficou mais conhecido por participar do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. Ele é um dos únicos novatos na disputa.
Dino se graduou em Direito pela Universidade Federal do Maranhão em 1985, é especialista em Direito pela mesma instituição e mestre pela Universidade Federal de Pernambuco. Hoje, também é professor assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília.
Raquel Dodge foi a terceira colocada na lista tríplice que elegeu Janot e é apontada como uma das favoritas do presidente Michel Temer. Ela é opositora ferrenha do atual procurador-geral, assim como Temer, segundo a Coluna do Estadão, que apura bastidores da política brasileira.
Ela também tem o apoio dos peemedebistas José Sarney, Renan Calheiros e Osmar Serraglio, além do ministro da Justiça Torquato Jardim e do ministro do STF Gilmar Mendes.
Ela propôs estancar o desvio de profissionais para Brasília, o que é visto por alguns de seus pares como uma tentativa de barrar a Lava Jato.
Dodge é especialista na área criminal e ingressou no MPF em 1987. Ela é mestre em Direito pela Universidade de Harvard.
O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, ficou em segundo lugar na última lista tríplice, atrás de Rodrigo Janot, e também é um dos favoritos de Temer.
No lançamento de sua campanha pela PGR, comprometeu-se a apoiar a Lava Jato e já nomear mais reforços para as operações em Brasília.
Bonsaglia é doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP) e subprocurador desde 2014.
Ela Wiecko era vice-procuradora geral quando foi fotografada, em agosto do ano passado, participando de um ato "Fora Temer". Ela estava em Portugal, e apoiou estudantes que fizeram uma manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff, o que levou à sua exoneração.
Wiecko é formada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1971), mestre em Direito Público pela Federal do Paraná (1986) e doutora em Direito pela Federal de Santa Catarina (1996).
Eitel Santiago quase assumiu a Procuradoria em 2015, antes da última eleição. Havia a possibilidade de retaliação por parte de Renan Calheiros, então presidente do Senado, que poderia atrasar a escolha do novo nome.
Mesmo à época, havia resistência ao seu nome entre os procuradores, que o consideravam "desafinado" com a Lava Jato, segundo a Folha, e com mais trânsito na política do que no próprio MP.
Eitel se graduou em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 1976, e mestre em Constituição e Sociedade pelo Instituto Brasiliense de Direito Público.
Carlos Frederico Santos é um dos principais opositores ao atual procurador, Rodrigo Janot. Em entrevista ao UOL, ele criticou o que chamou de "efeitos midiáticos" nas ações da Lava Jato.
Ele é natural de Manaus e graduou-se em Direito pela Universidade Federal do Amazonas em 1986. É conhecido pela defesa dos direitos indígenas e de minorias.
Franklin da Costa foi representante do MPF no Cade e integrou a Câmara de Defesa do Consumidor e da Ordem Econômica. Também se comprometeu a dar continuidade à Lava Jato e aprimorar a investigação integrando outros órgãos, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
O candidato é de Roraima, com pós-graduação em Comunicação e Direito na Universidade de Brasília.
Sandra Cureau ganhou notoriedade como subprocuradora-geral eleitoral, especialmente pela dura atuação contra Dilma Rousseff.
Ela é formada em Direito pela Federal do Rio Grande do Sul, tem mestrado em Direito da Cidade pela UERJ, e um doutorado em andamento em Direito Civil na Universidade de Buenos Aires.