Marina Silva (Rede) é entrevistada no Fórum Amarelas da VEJA (Alexandre Schneider/VEJA)
João Pedro Caleiro
Publicado em 19 de setembro de 2018 às 15h06.
Última atualização em 19 de setembro de 2018 às 15h48.
São Paulo - A candidata Marina Silva (Rede) fez nesta quarta-feira (19) uma crítica ao chamado "voto útil" nas eleições presidenciais de 2018.
"Não existe essa história de voto útil. Quem prega voto útil está tentando inutilizar o seu voto", disse durante coletiva de imprensa após entrevista no evento Amarelas ao Vivo, de Veja, em São Paulo.
A candidata está em queda nas pesquisas eleitorais: no Ibope, por exemplo, ela caiu de 9% para 6% em uma semana.
Ela atribuiu o movimento à oficialização de Fernando Haddad (PT) como substituto de Lula: "agora é que começou".
Mais cedo, durante a entrevista, ela negou a possibilidade de abrir mão de sua candidatura em prol de uma união do centro: "Querem fazer uma eleição plebiscitária (...) Agora vocês são apenas um detalhe”.
A candidata foi questionada por Thaís Oyama, redatora-chefe de VEJA, sobre se não teria notado sinais de corrupção quando foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula.
Ela disse que não estava envolvida no comando político do partido e que jamais testemunhou isso no nível da sua gestão: “Nunca ninguém fez uma insinuação para mim de absolutamente nada”.
Marina comentou também a radicalização e polarização política no Brasil, relacionando episódios como o assassinato de Marielle Franco, os tiros na caravana de Lula e a facada em Bolsonaro.
“Estamos vendo a fúria se transformar em ato, em fato, e precisamos ter uma atitude de se contrapor a isso. Não é com palavras, é com atitude”.
Segundo ela, o próprio fato de Bolsonaro ter sido vítima de uma arma branca mesmo com ampla proteção armada já mostra como não há eficácia em promover o armamento da população.
Perguntada se considera Lula um preso politico, ela disse que não e negou a possibilidade de um indulto ao ex-presidente, pois o instrumento "não pode ser utilizado como barganha politica”.
Marina também disse que a Venezuela "não é mais uma democracia". Sobre sua pouca visibilidade fora de períodos eleitorais, ela citou episódios internacionais que considerou mal cobertos pela imprensa:
"Não sei o que preciso fazer para aparecer de alguma forma (...) Pode dizer que eu estou sumida a vontade, tenho uma outra visão de país”.
Ela também disse que vetaria (uma prerrogativa presidencial) se o Congresso aprovasse a ampliação do direito ao aborto, mas que aceitaria se isso acontecesse via plebiscito.
Na entrevista coletiva, seu vice Eduardo Jorge, que estava ao seu lado, questionou porque o tema do aborto só é levantado para ela e não para os outros candidatos.