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Quem ganha e quem perde com as eleições 2016

De olho em 2018, PSDB e Alckmin são os grandes vencedores do processo eleitoral; após revés, Lula e PT devem procurar reinvenção

João Doria aperta a mão de Geraldo Alckmin em comício durante a campanha para Prefeitura de São Paulo (Divulgação/PSDB)

João Doria aperta a mão de Geraldo Alckmin em comício durante a campanha para Prefeitura de São Paulo (Divulgação/PSDB)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 1 de novembro de 2016 às 10h00.

Última atualização em 1 de novembro de 2016 às 12h50.

Brasília – O resultado das eleições municipais de 2016 reforçou a insatisfação popular com o atual momento político e indicou que mais mudanças na composição do governo podem acontecer em 2018. Mas, afinal, quem ganha e quem perde com o resultado das urnas do mais recente processo eleitoral?

A elevada taxa de abstenção revelou que o sentimento de insatisfação é generalizado entre os brasileiros. Caso o cenário político não dê respostas mais consistentes, esse índice pode avançar ainda mais na próxima corrida eleitoral.

EM ALTA: Geraldo Alckmin

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), se consagrou como um dos principais vencedores da eleição municipal. Sem concorrer a nenhum cargo, Alckmin acertou em cheio na sua principal aposta. Ele foi o principal cabo eleitoral de João Doria (PSDB-SP), prefeito eleito na capital paulista no primeiro turno.

Nas prévias do PSDB em São Paulo, Alckmin enfrentou a resistência de outros nomes importantes da legenda tucana em relação a indicação de Doria e conseguiu emplacar o empresário como candidato. Com isso, se cacifou ainda mais para ser o nome do PSDB na eleição presidencial em 2018.

Interlocutores do governador de São Paulo afirmaram a EXAME.com que o próximo passo de Alckmin é nacionalizar o seu nome dentro da sigla. Como isso será feito? Ele pretende apoiar a candidatura de algum parlamentar para a presidência nacional do partido.

Hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que é o nome que concorre diretamente com Alckmin na disputa para ser candidato ao comando do Palácio do Planalto, preside a legenda. O senador mineiro pretende emplacar o nome do senador Cássi

o Cunha Lima (PSDB-PB) como sucessor. Alckmin, por sua vez, deve apoiar outro nome. Isso deve esquentar ainda mais a disputa entre os dois para ser o escolhido do partido como presidenciável em 2018.

EM ALTA: PSDB

Quem também sai bem cotado da corrida municipal de 2016 é o PSDB. No segundo turno, foi a legenda que mais elegeu prefeitos. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 14 prefeituras conquistadas. O partido concorria a 19 prefeituras no segundo turno.

O PSDB teve um forte desempenho no ABC paulista, uma região tipicamente petista. Além disso, o partido ganhou em outras cidades importantes do interior de São Paulo e venceu em Porto Alegre pela primeira vez.

A partir do ano que vem, o PSDB administrará 26 dos 92 maiores municípios brasileiros, ou seja, serão 19,9 milhões de eleitores geridos por prefeitos tucanos nas principais metrópoles brasileiras.

Ao conquistar 803 prefeituras, o PSDB registrou um crescimento de 15,5% em relação às eleições de 2012, quando conseguiu eleger 695 prefeitos. A legenda registrou o maior crescimento proporcional entre os principais partidos.

EM ALTA: Ciro Gomes

A reeleição do prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio (PDT-CE), e a vitória de Ivo Gomes em Sobral – berço político da família Gomes - ainda no primeiro turno atribuem potencial a uma eventual candidatura de do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE) á Presidência da República em 2018.

Ciro participou ativamente na campanha de Roberto Claudio, seu afilhado político. Com duas vitórias expressivas no estado do Ceará, o pedetista saiu fortalecido da eleição municipal. Vale lembrar que Ciro pode ser o principal representante da esquerda na próxima corrida presidencial caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tenha candidatura própria.

EM ALTA: Michel Temer

Com 81% das prefeituras ficando nas mãos de partidos que compõem a base governista, o presidente Michel Temer (PMDB) também ganha força para seguir adiante com o plano de emplacar medidas econômicas, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos públicos e reforma da Previdência.

O PMDB continua sendo o partido com mais número de prefeituras. Em 2016, elegeu 1.038 prefeitos, frente a 1.021 eleitos em 2012.

EM BAIXA: Aécio Neves 

Ainda que o PSDB tenha conquistado muito espaço, Aécio sai enfraquecido da disputa municipal. Ao não conseguir emplacar João Leite (PSDB-MG) como presidente de Belo Horizonte, o senador tucano tem menos motivo para comemorar. Uma vitória de seu afilhado político na capital mineira seria determinante para manter sua força na luta para ser o presidenciável do partido em dois anos.

A jornalistas, Aécio afirmou nesta segunda-feira (31) que se orgulhava do desempenho da legenda em 2016 e que o partido decidiria quem seria o candidato ao comando do Palácio do Planalto no momento adequado. No domingo, logo após o revés de Leite em Belo Horizonte, uma pessoa próxima a Aécio afirmou a EXAME.com que o senador lamentou que “seu caminho para ser o presidenciável do PSDB em 2018 era mais longo que o de Alckmin”.

EM BAIXA: PT

Após denúncias de envolvimento em escândalos de corrupção e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o PT saiu como grande derrotado das urnas. O poder municipal da sigla diminui em 60%. Antes, era o terceiro maior em número de prefeituras, com 638. Agora é o décimo, com 254.

Dentro do partido, a palavra de ordem é reinvenção. Além de estabelecer uma nova identidade, a sigla deve reaprender a fazer oposição ao governo federal, o que pode lhe atribuir um novo fôlego para a corrida presidencial de 2018.

No alvo de investigações da Operação Lava Jato, o ex-presidente Lula viu seu poder de influência cair de maneira meteórica. O principal nome da sigla petista também deve implementar uma estratégia para se fortalecer para a próxima corrida ao Planalto.

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