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Quem é Paulo Marinho, um dos homens do círculo de Bolsonaro

Empresário carioca é suplente do senador eleito Flávio Bolsonaro, ex-marido de Maitê Proença e tem proximidade com João Doria e Marcelo Crivella

Paulo Marinho, Jair Bolsonaro e Luiz Marinho (Facebook/Reprodução)

Paulo Marinho, Jair Bolsonaro e Luiz Marinho (Facebook/Reprodução)

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Clara Cerioni

Publicado em 6 de novembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 6 de novembro de 2018 às 07h00.

São Paulo – O empresário carioca Paulo Marinho, de 66 anos, é um dos principais nomes na órbita do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

A casa de Marinho no bairro carioca do Jardim Botânico foi usada para gravar programas eleitorais durante a campanha e serviu como sede para a primeira reunião de transição na semana passada.

Além de ser dono de uma consultoria empresarial, Carmo Consultoria, o empresário também é o primeiro suplente de Flávio Bolsonaro, filho de Jair e senador eleito pelo Rio de Janeiro. Marinho se filiou ao PSL neste ano para compor a chapa; antes, estava no Patriota.

A proximidade com a família Bolsonaro aconteceu por intermédio do então presidente do PSL, Gustavo Bebiano, de quem Marinho é amigo há mais de 30 anos.

Eles trabalharam juntos nos anos 2000 no Jornal do Brasil, quando este era comandado por Nelson Tanure. Marinho era o vice-presidente e Bebiano o diretor jurídico.

Marinho tem outros contatos na política. Em novembro de 2017, ofereceu um jantar ao então prefeito de São Paulo, João Doria, com a presença de nomes influentes da sociedade carioca como o empresário Roberto Medina, dono da marca Rock In Rio.

Doria na época sondava privadamente uma candidatura à Presidência da República mas acabou concorrendo ao governo do Estado (e vencendo).

No último dia 12, entre o primeiro e o segundo turno, Doria foi para a casa de Marinho tentar encontrar Bolsonaro mas não foi recebido; a campanha afirmou que o encontro nunca foi agendado.

Seu filho, André Marinho, é presidente do braço jovem do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), grupo criado em 2003 por Doria. Foi André que traduziu a primeira conversa de Bolsonaro com o presidente americano, Donald Trump.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o empresário é conselheiro informal do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB).

Ele também foi casado por mais de uma década com a atriz Maitê Proença, com quem tem uma filha.

Amor e ódio

A relação de Marinho com Tanure é turbulenta. Além da passagem pelo JB, eles também foram sócios no estaleiro Verolme, em Angra dos Reis (RJ), nos anos 1990, e acabariam travando uma disputa jurídica que foi parar nos Estados Unidos.

Em 2007, Marinho cobrou na Justiça R$ 100 milhões referentes à sua parte no estaleiro. A briga foi para a Câmara de Arbitragem da FGV, que, em outubro de 2012, deu ganho de causa a Tanure e determinou que Marinho pagasse o custo do procedimento (quitado com antecedência pela Sequip, empresa de Tanure) e o custo dos advogados do adversário.

Ao todo, a soma chegou a 1,4 milhão de reais, em valores da época. Para saldar a dívida, a Justiça, inclusive, já mandou bloquear bens de Marinho.

Uma tarefa difícil: ele declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuir 752 mil reais de patrimônio. A casa do Jardim Botânico, por exemplo, não está em seu nome. Tanure chegou a entrar na Justiça americana para tentar bloquear bens de Marinho por lá para que a dívida fosse paga.

Marinho vai á Flórida com frequência e chegou a ficar lá por meses; ele também tem participação na Florida Agricultural Plastics Recyclers, uma empresa que desenvolve projetos de reciclagem nos Estados Unidos.

O empresário também já esteve em evidência antes. Em 2001, escutas feitas com autorização judicial revelaram conversas telefônicas nas quais Marinho combinava com Tanure uma maneira de minar o poder do banqueiro baiano Daniel Dantas numa disputa societária com Bruno Ducharme, presidente do grupo de telecomunicações canadense TIW.

Dantas, com quem Marinho trabalhou no Banco Opportunity, lutava pelo controle das telefônicas Telemig Celular e Tele Norte Celular, adquiridas por ele em conjunto com o grupo do Canadá e fundos de pensão após a privatização da Telebrás, em 1998.

Marinho aparece relatando a Tanure uma conversa com o senador Jader Barbalho: “Dali vai sair muita coisa, o suficiente para pagar muitos compromissos”.

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