Brasil

Quem declara voto em Bolsonaro vai para PSDB, diz especialista

Cientista político acredita que o deputado, que aparece em segundo nas pesquisas, perderá espaço para um candidato moderado de centro-direita

Jair Bolsonaro: cientista político diz que o eleitorado demanda políticos que tenham currículo, algo para mostrar e um partido com estrutura capaz de governar (Renato Araújo/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: cientista político diz que o eleitorado demanda políticos que tenham currículo, algo para mostrar e um partido com estrutura capaz de governar (Renato Araújo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 12h35.

São Paulo - Consolidado em segundo lugar nas pesquisas de intenções de votos a presidente da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) perderá espaço para um candidato moderado de centro-direita tão logo tenha início a corrida eleitoral de 2018.

Esse candidato seria o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou o prefeito de São Paulo, João Doria - ambos do PSDB.

A análise é do cientista político e sócio-diretor do Instituto Análise, Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Eleitor. Abaixo, os principais trecho da entrevista:

Neste momento parece que há uma busca pelo novo em parte do eleitorado. Por que?

Primeiro temos de pensar exatamente o que significa novo. Se for o candidato que não seja do PT e do PSDB, então o Bolsonaro é novo.

Se for quem não disputou nenhuma eleição presencial, o Bolsonaro é novo. Se o novo for isso, foi encontrado. O eleitorado, no entanto, é reticente a isso.

Talvez isso seja mais uma demanda de segmentos da elite do que propriamente do eleitorado. Em situações concretas, o eleitorado demanda políticos que tenham currículo, algo para mostrar e um partido com estrutura capaz de governar.

Alguns analistas afirmam que o próximo presidente será do campo da centro-direita. O senhor concorda? Por que?

Acho que temos essa configuração: a região Nordeste é a cidadela eleitoral do PT na eleição presidencial. E a cidadela do PSDB é São Paulo.

Vejo que essa cidadela já apareceu no caso do Lula e vai aparecer para o candidato do PSDB, que eu entendo que será o Alckmin.

Como ficaria a disputa entre Alckmin e o prefeito João Doria, que também é do PSDB e é apontado como presidenciável?

A questão do PSDB é se o Doria será candidato por outro partido ou não. Trabalho com o cenário de que Alckmin consegue a indicação do partido.

Doria vai ter de escolher se fica no partido, se continua na Prefeitura ou se faz um acordo e vira candidato ao governo.

Por outro lado, o Doria teria como opção ir para outra sigla. O DEM, talvez. Isso divide os eleitores do PSDB? No início da corrida, sim. Mas o PSDB tem uma megaestrutura que o Alckmin teria a seu favor, e que o Doria não teria.

Como o senhor analisa o desempenho de Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenções de voto?

Há discurso de oposição ao governo vindo da direita e da centro-direita. Acredito que ele (Bolsonaro) irá perder votos para um candidato de centro-direita.

Quanto ele vai perder, não sei. Mas quando a campanha começar ele perderá uma fatia importante dos seus votos para um candidato que terá uma agenda similar a dele em vários aspectos. É difícil ele que chegue no segundo turno.

Ele está esquentando o lugar de um candidato de centro-direita que se comporte de uma maneira mais equilibrada.

O sr. vê similaridade entre eleitores de João Doria e Jair Bolsonaro?

O perfil socioeconômico é o mesmo: eleitor de renda média alta. Por isso digo que eu um candidato que tenha a cabeça no lugar vai tirar voto do Bolsonaro no campo da centro-direita.

Hoje o Bolsonaro está tirando voto do Alckmin. Daqui a pouco, será o contrário, o candidato do PSDB tirando voto do Bolsonaro.

Para Bolsonaro seria melhor que Doria e Alckmin disputassem em partidos diferentes?

Sim, isso interessa para ele.

O ex-presidente Lula lidera as pesquisas mas, ao mesmo tempo, 54% querem vê-lo preso. Como explica?

É importante cruzar os dados dentro da pesquisa. Quantos que votam nele querem vê-lo preso? Qual é a contradição? É alguém que vota nele e quer vê-lo preso. A contradição seria neste segmento do eleitorado, um segmento pequeno do eleitorado.

Qual será o papel de Lula nas próximas eleições?

Poderá haver uma eleição sem candidatura Lula, mas não haverá eleição sem o "eleitor Lula", mesmo que ele seja preso. O candidato do PT vai usar imagens de Lula e o candidato com o apoio dele tende a crescer com votos no Nordeste.

Em seu livro, o sr. diz que a avaliação de governo é importante na decisão do eleitor. O governo Temer tem reprovação recorde. Um candidato governista tem chance?

Para efeito de análise, você pode dividir eleições em dois tipos: governista ou oposicionista. Você pode fazer uma retrospectiva de todas as eleições pós democratização e fazer esse tipo de análise. Hoje o que está se configurando é uma eleição de oposição. O candidato que encaixar melhor um discurso de oposição poderá ser considerado favorito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Geraldo AlckminJair BolsonaroJoão Doria JúniorPSDB

Mais de Brasil

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso

Chuvas fortes no Nordeste, ventos no Sul e calor em SP: veja a previsão do tempo para a semana

Moraes deve encaminhar esta semana o relatório sobre tentativa de golpe à PGR