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Queiroz diz que esperava ser assessor de Flávio Bolsonaro no Senado

Ex-assessor prestou depoimento ao Ministério Público Federal na quinta-feira e reiterou desconhecer vazamento de investigação na Polícia Federal

Fabrício Queiroz: ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso pela Polícia Federal e tem prestado depoimentos (Nelson Almeida/AFP)

Fabrício Queiroz: ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi preso pela Polícia Federal e tem prestado depoimentos (Nelson Almeida/AFP)

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Agência O Globo

Publicado em 3 de julho de 2020 às 18h00.

Última atualização em 3 de julho de 2020 às 18h08.

Em novo depoimento prestado na quinta-feira, o ex-assessor Fabrício Queiroz afirmou ao Ministério Público Federal que "esperava" ser nomeado para trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Senado no fim de 2018, antes de vir a público o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentações atípicas no valor de 1,2 milhão de reais em suas contas.

Esse foi o segundo depoimento prestado por Queiroz desde que foi preso na Operação Anjo, deflagrada no último dia 18 de junho — ele foi preso em um imóvel pertencente a Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.  Na segunda, ele também foi ouvido pela Polícia Federal e deu declarações de teor semelhante.

Ele foi ouvido pelo procurador Eduardo Benones, do Ministério Público Federal, na condição de testemunha, que não lhe dá o direito de permanecer em silêncio. A investigação do MPF apura suspeitas de vazamento na Operação Furna da Onça — o empresário Paulo Marinho disse que a equipe de Flávio Bolsonaro recebeu um vazamento da Polícia Federal do Rio avisando que foram detectadas movimentações financeiras atípicas de Queiroz e que ele foi demitido de seu cargo por isso.

Neste depoimento, o ex-assessor afirmou que tinha a expectativa de ser nomeado por Flávio para seu gabinete no Senado, cargo ao qual o filho do presidente foi eleito no fim de 2018. Essa nomeação, entretanto, não ocorreu e Queiroz se tornou a peça central na investigação sobre rachadinha.

O ex-assessor disse que não chegou a conversar com Flávio sobre uma possível nomeação ao Senado. "Apenas esperava que isso viesse a ocorrer devido aos bons serviços que prestou durante a candidatura", afirmou.

Queiroz voltou a dizer que não teve conhecimento desse vazamento e que sua saída do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa no Rio se deu a pedido dele próprio, como havia dito em depoimento à Polícia Federal na última segunda-feira.

Também afirmou que tomou conhecimento apenas pela imprensa, no início de dezembro, do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou que movimentação de 1,2 milhão de reais entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017 em suas contas.

Foi por causa da expectativa de ir para Brasília que Queiroz pediu demissão, ainda em outubro, de seu cargo no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e deu entrada em seu pedido de aposentadoria na Polícia Militar do Rio. A expectativa, porém, não se concretizou.

O ex-assessor também disse que se encontrou com Flávio logo após ter vindo a público o relatório do Coaf, no fim de 2018, e que depois disso não manteve mais contato com o senador. Afirmou ainda que também cortou contato com o presidente Jair Bolsonaro desde então.

O senador Flávio Bolsonaro já foi intimado pelo MPF para também prestar depoimento nesta investigação. Uma data ainda será agendada. Caso haja necessidade ao curso da investigação, Queiroz pode ter de ser ouvido novamente pelos investigadores. Também devem ser ouvidos nos próximos dias outros personagens citados no caso.

Queiroz ainda não prestou depoimento na investigação da rachadinha, conduzida pelo Ministério Público Estadual. Desde que seu nome ficou sob suspeita, o ex-assessor passou a se esquivar de apresentar explicações.

Sua defesa apresentou informações por escrito, mas Queiroz nunca chegou a prestar depoimento ao MP do Rio. Agora que está preso, ele deverá também ser ouvido pelos promotores sobre o esquema de rachadinha. Neste caso, como é investigado, ele tem o direito de ficar em silêncio.

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