Senadores Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros, presidente, vice e relator da CPI da Covid, no Senado (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2021 às 06h01.
Última atualização em 7 de junho de 2021 às 06h32.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, volta a falar na CPI da Covid-19 na terça-feira, 8. Esta semana também serão ouvidos o ex-secretário do Ministério da Saúde, Élcio Franco, e o governador do Amazonas, Wilson Lima. A CPI também receberá nos próximos dias dois especialistas: o médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa, Cláudio Maierovich, e a microbiologista e pesquisadora da Univerisade de São Paulo, Natalia Pasternak.
O novo depoimento do ministro foi marcado após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter participado de manifestações sem máscara e ter confirmado que o país irá sediar a Copa América, campeonato que começa no próximo dia 13.
Reconvocado no final de maio para dar novas explicações na CPI, Queiroga não era esperado tão cedo de volta ao Senado, mas os parlamentares que fazem parte da comissão decidiram antecipar a fala do ministro. Além de Copa América, da presença do presidente em manifestações e de dúvidas sobre cloroquina (assunto que motivou originalmente a reconvocação do ministro), outro assunto que deve ser colocado ao ministro é a nomeação e posterior dispensa da infectologista Luana Araújo, ouvida no dia 2 de junho.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, na sexta-feira, 4 de junho, Queiroga afirmou não acompanhar os trabalhos da comissão. “Eu não fico assistindo a depoimento da CPI”, disse ao justificar ter outras prioridades. “Se os parlamentares acham que eu posso contribuir nesse momento na CPI, estou à disposição. Agora, vou mostrar o que todos os brasileiros já sabem, o que temos feito à frente do Ministério da Saúde."
Também participa nesta semana o governador do Amazonas, Wilson Lima, o primeiro gestor estadual a falar na CPI, cujo depoimento ocorre na quinta, 10. O depoimento de Lima é aguardado pela possibilidade de trazer mais detalhes sobre a crise de oxigênio que atingiu o estado no início do ano. A apuração de desvios de recursos na área da saúde em Amazonas também deverão ser abordados pelos senadores.
Agenda da CPI nesta semana:
Na terça-feira, 8, também devem ser votados requerimentos de convocação do ex-ministro da Cidadania e deputado Osmar Terra (MDB-RS), considerado um dos principais defensores da cloroquina e apontado como um dos articuladores do chamado "gabinete paralelo". O nome da médica Ludhmila Hajjar, que rejeitou convite para ser ministra da Saúde, é outro que deve ser submetido à aprovação da comissão.
A CPI da Covid também pretende convocar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) para questioná-lo sobre o "gabinete paralelo", afirmou o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), em live do centro acadêmico da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no dia 4 de junho.
Segundo Renan, a presença do filho do presidente em uma reunião com a Pfizer sobre oferta de vacinas "é um fato que embasará a qualquer momento, em qualquer circunstância, a convocação do vereador". A participação de Carlos Bolsonaro na reunião foi confirmada pelo gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, após ser questionado sobre o tema em seu depoimento na CPI.
"Espero que essa necessidade (convocação de Carlos Bolsonaro)continue a haver para concretizarmos o que a CPI entende sobre esse tráfico de influência, essa participação de pessoas que nada tinham a ver com o governo nas tratativas de aquisição da vacina. Sobretudo depois de o presidente ter fechado todas as portas para a vacinação dos brasileiros. Precisa ser esclarecido e já há requerimentos na CPI para que isso efetivamente aconteça", disse o relator.
Os requerimentos para a convocação de Carlos Bolsonaro já foram protocolados em maio pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE). Ambos também solicitaram convocação do assessor especial para Assuntos Internacionais do Planalto, Filipe Martins, cuja presença na reunião com a Pfizer foi outra confirmada por Carlos Murillo.
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