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Queimadas na Amazônia estão associadas a 2 mil hospitalizações, diz estudo

Pesquisa cruzou dados de internações por doenças respiratórias com poluentes produzidos em queimadas, mostrando uma situação preocupante

Amazônia: incêndios estão "intoxicando o ar" da maior floresta tropical do mundo (Bruno Kelly/Reuters)

Amazônia: incêndios estão "intoxicando o ar" da maior floresta tropical do mundo (Bruno Kelly/Reuters)

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AFP

Publicado em 26 de agosto de 2020 às 21h45.

Os violentos incêndios que atingem a Amazônia estão "intoxicando o ar" da maior floresta tropical do mundo, causando um aumento significativo nas emergências respiratórias em uma região já atingida pela covid-19, informou um estudo publicado nesta quarta-feira (26).   

Os incêndios que atingiram a Amazônia brasileira no ano passado, e que causaram críticas e protestos globais, fizeram com que cerca de 2.195 pessoas da região fossem hospitalizadas por problemas respiratórios causados pela inalação de ar poluído pela fumaça, revelou o estudo da Human Rights Watch em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e o Instituto de Estudos de Políticas de Saúde (IEPS).

Entre as pessoas afetadas, há 467 bebês e 1.080 idosos com mais de 60 anos, que correspondem a 70% das hospitalizações, informou o relatório.

Em 2020, com os dados até agora mostrando níveis alarmantes de incêndios e desmatamento, o problema pode ser ainda pior, afirmaram os autores.

"Queimadas associadas ao desmatamento desenfreado estão intoxicando o ar que milhões de pessoas respiram e afetando a saúde na Amazônia brasileira", afirmaram em nota.

O estudo utilizou uma análise estatística de dados de hospitalizações por urgências respiratórias para estimar quanto do aumento observado no ano passado estava relacionado às queimadas.

 

Os autores alertaram que em 2020 o problema seria agravado pela pandemia do novo coronavírus, que atingiu fortemente a Amazônia brasileira no começo do ano. A crise sanitária pode se somar à temporada de incêndios, cujo pico normalmente ocorre entre agosto e outubro, limitando a capacidade dos hospitais.

Os autores também alertaram para o impacto da poluição do ar nas comunidades indígenas da Amazônia, uma população bastante vulnerável à COVID-19.

O estudo está de acordo com os resultados de um outro publicado na terça-feira pelo Instituto Socioambiental (ISA), que verificou um aumento acentuado nas internações de indígenas durante a temporada de incêndios.

Os autores do último estudo criticaram as políticas do presidente Jair Bolsonaro para a Amazônia, que tem 60% da sua área situada no Brasil.

"O fracasso do governo Bolsonaro em lidar com esta crise ambiental tem consequências imediatas para a saúde da população na Amazônia, e consequências de longo prazo para a mudança climática global", ressaltou a diretora da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.

O presidente qualificou recentemente o aumento das queimadas na Amazônia como "uma mentira".

No entanto, dados do próprio governo mostram que o número de incêndios na Amazônia brasileira teve um aumento de 28% frente a julho de 2019, chegando a 6.803 focos.

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