Brasil

"Que País é Esse?" prende "Marcos Valério" do esquema Delta

Segundo a PF, o lobista Adir Assad agia como operador dos esquemas da Delta para repasse de propinas a políticos


	Agentes da PF: Assad tem um longo histórico de ligações com empresas de fachada geralmente usadas para financiamento de campanhas
 (Nacho Doce/Reuters)

Agentes da PF: Assad tem um longo histórico de ligações com empresas de fachada geralmente usadas para financiamento de campanhas (Nacho Doce/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2015 às 14h11.

Curitiba - O empresário e lobista Adir Assad, preso nesta segunda feira, 16, pela Polícia Federal na Operação "Que País é Esse?", é apontado como o "Marcos Valério do esquema Delta", a empreiteira que se associou ao contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Segundo a PF, Assad agia como operador dos esquemas da Delta para repasse de propinas a políticos, o que lhe valeu a comparação com o operador do mensalão - Marcos Valério foi acusado de fazer repasses de dinheiro ilícito a políticos.

Na Operação Lava Jato, dois delatores - os executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça - afirmaram terem pago propinas de até R$ 60 milhões ao ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque e ao PT.

Eles indicaram ainda a conta "Marinelo" mantida por Duque no exterior, na qual depositaram US$ 1 milhão.

Revelaram, ainda, que o esquema envolvendo a diretoria controlada pelos petistas na estatal petrolífera movimentava dinheiro via empresas de fachada ligadas à construtora Delta e ao lobista Adir Assad.

Assad tem um longo histórico de ligações com empresas de fachada geralmente usadas para financiamento de campanhas com recursos desviados de obras públicas.

A empreiteira Delta foi alvo das investigações que resultaram na prisão de Carlinhos Cachoeira.

Agora na mira da Operação "Que País é Esse?", na qual também foi capturado o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, o lobista Assad aparece como sócio majoritário ou gestor de dezenas de companhias que só existem no papel, segundo os investigadores.

Em setembro de 2013, a PF deflagrou a Operação Saqueador. Na ocasião, a PF informou que a Delta e seu controlador, o empresário Fernando Cavendish, transferiram R$ 300 milhões para 19 empresas de fachada entre 2007 e 2012.

O dinheiro era sacado em espécie, nos bancos, por pessoas que tinham procurações das empresas fictícias.

Na Operação Saqueador, 100 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão no Rio, São Paulo e Goiás.

Amparada na quebra do sigilo bancário de cerca de 100 pessoas físicas e jurídicas, autorizada em 2012 pela CPI do Cachoeira, a Polícia Federal constatou que Assad aparece como laranja de quase uma dezena de empresas de fachada, por meio das quais fazia emissão de notas frias de serviços e locação de máquinas e equipamentos para a empreiteira.

O sistema, segundo os federais, permitia que recursos desviados de obras públicas retornassem ao caixa da empreiteira e, depois, eram usados para duas finalidades: corromper servidores para ganhar licitações e financiar campanhas eleitorais por meio de caixa 2.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesOperação Lava JatoPolícia Federal

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua