Rua 25 de Março, São Paulo. (Fabio Marra/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 10 de março de 2021 às 14h11.
Última atualização em 10 de março de 2021 às 15h12.
O governo de São Paulo vai esperar mais alguns dias para decidir se fará uma restrição maior da circulação de pessoas e de atividades econômicas em todo o estado. Na avaliação dos membros do Centro de Contingência contra a Covid-19 do estado de São Paulo, ainda é muito cedo para sentir os reflexões da última mudança da quarentena, feita na semana passada.
Em debate está a proibição de cultos religiosos, a modificação dos horários de funcionamento de alguns serviços essenciais, e até a suspensão das aulas. Este novo modelo seria chamado de fase roxa. O lockdown, com o fechamento total, também não é descartado.
Desde o fim de semana todo o estado entrou na fase vermelha da quarentena, a mais restrita em que somente os serviços essenciais podem funcionar. Diferentemente da primeira vez que a medida foi imposta, no ano passado, ficaram liberadas as igrejas e as escolas. O comitê de saúde esperava que com esta medida a pandemia apresentasse um indicativo de redução, o que ainda não ocorreu.
"O Centro de Contingência discute a necessidade de novas medidas mais restritivas, estamos trabalhando nisso. Conforme seja necessário, vamos anunciar, em breve, novas medidas. Tudo indica que sim, porque estamos vendo o aumento no número de casos e de internações. O que fazemos hoje vai ter consequências ao longo de pelo menos uma ou duas semanas, não é imediato e é desta forma que estamos trabalhando", Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência contra a Covid-19 do Estado de São Paulo.
Na terça-feira, 9, São Paulo apresentou uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 82%, uma das mais altas já registradas na pandemia. Apesar disso, 32 municípios já têm ocupação total, de 100%. Cerca de 120 pacientes buscam UTIs por dia. Trinta pessoas morreram no estado nos últimos dias na fila de espera. A média diária de solicitações de internações de pacientes com a covid-19 em leitos de UTI e de enfermaria bateu recorde: 2.320.
Ainda de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, apenas na terça-feira foram confirmados 517 óbitos, o pior registro desde o início da pandemia. O número de casos foi de 16.058, um dos mais altos.
O governo vai abrir ainda mais 338 novos leitos, sendo 167 de UTI, em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos. Em uma semana o estado anunciou o aumento da capacidade de atendimento em 1.118 novos leitos, sendo 676 apenas de terapia intensiva. De acordo com o governador João Doria, todos vão estar ativados até o fim de março.
Na semana passada, o governo começou a abrir 500 novos leitos, sendo 339 de UTI e outros 161 de enfermaria, em todo o estado. Os leitos estão sendo ativados gradualmente, desde o dia 8 de março. Essas vagas se somam a 11 hospitais de campanha que serão inaugurados em todo o estado nos próximos dias. O modelo é diferente do que já foi adotado e será implementado em unidades de saúde já existentes.
O secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse que o governo estadual triplicou o número de leitos de UTI desde o início da pandemia, mas fez um apelo para as pessoas seguirem as medidas sanitárias. "Não daremos conta de abrir mais leitos", alertou ele em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Restrições da fase vermelha — quarentena válida em todo o estado