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Doria recua e mantém as mesmas medidas de restrição em SP

O estado de São Paulo vive o pior momento da pandemia. Pela manhã, o governador havia dito que novas medidas "certamente terão de ser adotadas"

Rua 25 de Março, São Paulo. (Fabio Marra/Getty Images)

Rua 25 de Março, São Paulo. (Fabio Marra/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 17 de março de 2021 às 13h48.

Última atualização em 17 de março de 2021 às 14h05.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recuou e disse, no começo da tarde desta quarta-feira, 17, que vai esperar mais dias para definir se é necessário implementar medidas ainda mais restritivas de circulação em todo o estado de São Paulo. Em entrevista coletiva pela manhã, o governador havia dito que anunciaria quais seriam as medidas adicionais ao que já está em vigor e que "certamente terão de ser adotadas".

De acordo com Doria, a recomendação do comitê de saúde é esperar mais alguns dias para avaliar os impactos das medidas implementadas. Segundo Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da covid-19 do estado de São Paulo, o ideal é aguardar de uma a duas semanas.

"A situação é dramática, o Centro de Contingência fez recomendações na semana passada, o governador adotou e nós estamos monitorando a evolução da pandemia todos os dias. A gente sabe que o que a gente faz hoje vai ter consequências daqui uma ou duas semanas. Estamos no terceiro dia de fase emergencial, vamos ver o impacto só daqui uns dias", disse Paulo Menezes em entrevista coletiva nesta quarta-feira.

Desde a segunda-feira, 15, todo o estado entrou em uma quarentena chamada "emergencial", que tem validade até o dia 30 de março. Além de só permitir o funcionamento de serviços essenciais, como farmácias, supermercados e postos de gasolina, estão proibidos os cultos religiosos e jogos de futebol. Fica obrigatório ainda o teletrabalho para serviços administrativos (veja abaixo todas as restrições).

Pela primeira vez, o estado determinou um toque de recolher. É proibido circular nas ruas em todo o estado das 20h às 5h sem que haja um motivo justificável, como voltar do trabalho ou ir a um atendimento médico urgente, por exemplo. Os agentes de segurança fazem blitze para verificar o motivo das pessoas estarem fora de casa. Apesar disso, não há multa ou punição, apenas orientação.

Nos dois primeiros dias da quarentena "emergencial" a taxa de isolamento social atingiu 44%, mas não chegou na meta estabelecida pelo governo, que é de 50%. Apesar disso, a circulação no transporte público na Grande São Paulo caiu 61%.

Pico de mortes e de internações

O estado de São Paulo vive o pior momento da pandemia. Na terça-feira, 16, foi registrado o maior número de mortes confirmadas em 24 horas, 679. A taxa de ocupação em leitos de UTI está em 89% em todo o estado e em 90% na Grande São Paulo. Apesar deste número ser uma média, já há hospitais que não conseguem mais atender novos pacientes. Lotados, hospitais privados da capital paulista solicitaram vagas ao Sistema Único de Saúde (SUS)

Até o fim de março, o governo de São Paulo vai abrir um novo hospital de campanha para atendimento exclusivo a pacientes com a covid-19 na capital paulista. São 180 leitos, sendo 130 de enfermaria e 50 de UTI. O novo hospital de campanha se soma a outros 11 que já foram anunciados na semana passada. Estas outras unidades ficam, além da cidade de São Paulo, em Santo André, Campinas, Ourinhos, Tupã, Itapetininga, Fernandópolis, Santos, Barretos, Botucatu e Andradina.

Em uma semana o estado anunciou o aumento da capacidade de atendimento em 1.118 novos leitos, sendo 676 apenas de terapia intensiva. De acordo com o governador João Doria, todos vão estar ativados até o fim de março.

A situação é ainda mais dramática no interior do estado. Doze cidades ao redor de São José do Rio Preto entraram em lockdown a partir desta quarta-feira, 17 porque a capacidade hospitalar atingiu 100%. O transporte público foi paralisado, e serviços essenciais, como mercados e farmácias, só podem atender por delivery. As restrições vão até o domingo, 21, e serão flexibilizadas após este período, dependendo da evolução da doença na região.

Vacinação de idosos antecipada

O governo de São Paulo antecipa a vacinação de idosos entre 72 e 74 anos. A data de início deste grupo estava prevista para a segunda-feira, 22, mas vai começar na sexta-feira, 19. A partir desta data, os idosos podem procurar os postos de saúde e os locais de drive-thru. O estado já tem um total de 4.151.960 doses foram aplicadas, entre a primeira e a segunda. Veja o calendário

Restrições da fase "emergencial"

  • Apenas atividades essenciais podem funcionar, como supermercados, açougues, padarias, feiras livres, farmácias, postos de gasolina, petshops
  • Comércio, shoppings, academias, salões de beleza, bares precisam ficar fechados
  • Restaurantes: é permitida a entrega (delivery) por 24h. A compra sem sair do carro (drive-thru) vale das 5h às 20h. Consumo no local e a retirada direta de comida são proibidos
  • Teletrabalho de serviços administrativos é obrigatório
  • Parques e praias ficam fechados
  • Venda de bebida alcoólica só é permitida entre 6h e 20h
  • Qualquer tipo de aglomeração é proibido
  • Toque de recolher das 20h às 5h
  • Escolas estaduais ficam fechadas por 15 dias. Redes municipal e privada têm autonomia para decidir
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