Em 2023, foram 2,900 milhões pessoas notificadas (Peter Bannan/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 11h25.
O Brasil tem enfrentado um surto de casos de dengue desde o começo de 2024. Só neste ano, foram 75 mortes causadas pelo vírus e há mais 340 óbitos em investigação, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Entre janeiro e fevereiro, o País já registrou 512 mil infectados pela doença em todo o território nacional. Em 2023, foram 2,900 milhões pessoas notificadas, 1,600 milhão de casos confirmados e mil óbitos.
Embora os casos se somem e acumulem, muitas pessoas deixam de procurar o atendimento médico necessário porque confundem os sintomas da dengue com os da covid-19, que podem ser bem semelhantes nos primeiros dias de incubação do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
A EXAME conversou com a infectologista e epidemiologista Luana Araújo para esclarecer os principais sintomas da dengue. Veja abaixo:
A dengue pode apresentar quadro subclínico, ou seja, a pessoa tem a doença e não sente nada, até quadros gravíssimos que precisam de abordagem imediata; mas o quadro da dengue clássico é dado por febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor muscular generalizada, vômitos e diarreia, afirma Araújo. “Em casos de resolução espontânea os sintomas acabam em 7 dias”.
A covid-19, por outro lado, causa sintomas mais brandos, sobretudo se o indivíduo portador do coronavírus já estiver com pelo menos quatro doses da vacina. São sintomas da doença: febre baixa, calafrios, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, coriza e, em alguns casos, falta de olfato ou paladar.
O primeiro passo, quando tiver um dos sintomas, é buscar o diagnóstico médico, afirma a médica, que reforça que há muitos sintomas que podem ser confundidos com outras doenças como malária na região Norte, Covid, influenza e leptospirose. “É interessante que todos tenham acesso para o diagnóstico inicial para depois ser acompanhado com o tratamento ambulatorial correto até o fim da doença.
Outro alerta importante é se atentar aos sintomas mais graves que podem ser dor abdominal intensa, vômitos recorrentes, diminuição de volume urinário, sangramento pelas fezes ou vômitos. “Nestes casos é obrigatório a ida ao médico, porque será necessário alguma intervenção, como hidratação endovenosa”, afirma Araújo.
Tratamento da dengue não tem um antiviral específico, ele é majoritariamente de suporte, controla dor e demais sintomas do paciente, afirma Araújo. “Majoritariamente é uma questão de reposição hídrica, porque o paciente perde muito líquido”, diz a médica, que reforça que devemos ter cuidado com pseudo-tratamentos que estão sendo divulgados na internet hoje como ivermectina e outras drogas que não foram aprovadas no combate à dengue.
Uso de mosquiteiros e telas podem ser usados também, principalmente para a população que não pode receber o uso de repelentes, como bebês abaixo de 3 meses. “Os repelentes que temos no Brasil são eficazes contra o mosquito da dengue, e quanto mais concentrados estão no corpo mais tempo eles duram, por isso sugerimos aplicar mais de uma vez ao dia, de acordo com as indicações do produto e do limite de idade”, afirma Araújo.
Além da vacina contra a dengue para cidadãos entre 10 e 14 anos e do uso do repelente, outra medida importante no Brasil é a eliminação dos focos, afirma Croda, que reforça que terrenos baldios e casas abandonadas podem se tornar mega reservatórios, o que requer intervenção do poder público para eliminar esses focos da doença.
“O mais importante é que a população se mobilize para eliminar os focos de água parada dentro de casa ou na região onde mora, e essa ação tem que ser feita toda semana, porque o ciclo de vida do mosquito dura de 7 a 10 dias", diz o infectologista.
O Brasil já está aplicando doses de vacina contra a dengue, mas nessa primeira etapa, somente para crianças, que são consideradas grupo de risco. O estado de Goiás iniciou nesta quinta-feira, 15, a vacinação contra a dengue de crianças com 10 e 11 anos.
Mais de 151 mil doses foram distribuídas para 51 cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde. De acordo com o governo de Goiás, a expectativa é que outros municípios recebam o imunizante com a chegada de novas remessas ao país.