Cracker (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2012 às 17h34.
São Paulo – Mesmo com a prisão de dois de seus principais articuladores, a quadrilha por trás do site silviokoerich.org, que faz apologia à violência contra mulheres, negros, homossexuais, nordestinos e judeus, continua na ativa.
A Polícia Federal prendeu Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello em 22 de março, mas o site continuou sendo alimentado com conteúdo ofensivo, com dezenas de posts publicados após a data.
Segundo Thiago Tavares, da ONG SaferNet, que colabora com o Núcleo de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal na investigação, os outros membros da quadrilha mantém mais de 100 perfis ativos em redes sociais, por meio dos quais divulgam mensagens de conteúdo ofensivo e criminoso.
O grupo também é suspeito de fazer ameaças diretas de atentados contra os alunos da Universidade de Brasília (UnB). As ameaças fizeram com que muitos alunos dos cursos de Ciências Sociais e Comunicação faltassem às aulas nesta sexta-feira. Alguns professores também cancelaram suas aulas.
Durante a operação de apreensão feita em março, na casa de Rodrigues, foram encontrados planos para a realização de um atentado em um dos espaços utilizados pelos estudantes da universidade para fazer festas.
Paraíso cibernético
De acordo com Tavares, a dificuldade em tirar o site e os perfis do ar e prender os responsáveis pode ser atribuída parte a falhas na governança global da internet e parte à sofisticação técnica da quadrilha.
“O site está hospedado na Malásia, em um provedor conhecido por hospedar qualquer tipo de coisa e resistir a pressões para tirar conteúdos impróprios do ar. É um paraíso cibernético”, explica Tavares. A Verisign, reponsávelm pelo registro do domínio, também não quer assumir a responsabilidade por tirar o site do ar, segundo Tavares. "Fica um jogo de empurra-empurra", diz.
De acordo com ele, os membros da quadrilha não são leigos em tecnologia – pelo contrário, usam técnicas avançadas para proteger suas identidades.
“Eles conhecem profundamente o aspecto técnico e usam ferramentas avançadas para mascarar IP e técnicas de criptografia bastante sofisticadas”, diz o ativista dos direitos digitais. Mello é formado em Ciência da Computação e Rodrigues era consultor da área de Telecomunicações, tendo atuado em projetos em grandes multinacionais.
Apesar das dificuldades, Tavares acredita que os responsáveis serão encontrados e presos em breve. “Não há crime perfeito e a equipe que está conduzindo a investigação é extremamente competente”, diz.
Procurado pela reportagem, o responsável pelo Núcleo de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal no Paraná, que lidera a investigação, não estava disponível para comentar o andamento do caso.
A SaferNet já registrou 71.702 denúncias referentes a páginas do domínio. A quadrilha atua desde 2007 e utiliza fotos verdadeiras “roubadas” de perfis de pessoas que não têm nenhuma relação com o site para disseminar suas mensagens.