Brasil

Punição aos pilotos do Legacy é a mesma dada a pichadores, diz advogado

Decisão de juiz de 1ª instância não é definitiva, pois os dois lados devem recorrer

Resgate de helicóptero após acidente da Gol: caso ainda será julgado em 2ª instância (Divulgação/Força Aérea Brasileira)

Resgate de helicóptero após acidente da Gol: caso ainda será julgado em 2ª instância (Divulgação/Força Aérea Brasileira)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2011 às 17h03.

São Paulo – O advogado das famílias das vítimas do acidente entre o jato Legacy e o Boeing 737-800 da Gol, em 2006, Dante D’Aquino, vai recorrer da sentença do juiz federal Murilo Mendes, da Vara Federal de Sinop (MT), que condenou os pilotos americanos a prestar serviços comunitários em seu país.

Na verdade, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino receberam uma pena de quatro anos e quatro meses de detenção, em regime semiaberto. Porém, o magistrado substituiu a prisão pela prestação de serviços comunitários em órgãos brasileiros nos Estados Unidos

“A legislação permite, em determinados casos, que o juiz promova a substituição da pena no sistema penitenciário por prestação de serviços à sociedade. Por exemplo, se um sujeito é pego pichando um muro de uma escola, é mais vantajoso do ponto de vista da sociedade fazer com que ele limpe a cidade em vez de colocá-lo na cadeia. Agora, num acidente criminoso, que teve como consequência a morte de 154 pessoas, nós não podemos acreditar que a melhor forma de reprimir a conduta criminosa seja substituindo a pena por uma prestação de serviços à comunidade. Verificar que o magistrado entendeu como suficiente a prestação de serviços gerou a indignação de todos, principalmente das famílias, diz D’Aquino.

O Ministério Público Federal, assim como o advogado das famílias, deve recorrer da sentença. A expectativa é de que a defesa dos pilotos faça o mesmo porque, além da prestação de serviços, o juiz federal proibiu os pilotos de exercer a profissão.


Não é possível estimar quanto tempo o caso levará para ser julgado pelo Tribunal Regional Federal da primeira região, em Brasília. Porém, tradicionalmente, o trâmite na segunda instância é mais rápido porque não é permitida a produção de novas provas.

Outra previsão difícil de ser feita é se a sentença deverá ou não ser alterada. “Isso varia muito de tribunal para tribunal, de câmara para câmara. Não existe uma regra, nem uma tendência. O recurso é um reexame da decisão da primeira instância e pode terminar na reforma total da sentença ou na sua manutenção", afirma D’Aquino, que atuou como assistente de acusação do Ministério Público Federal no processo criminal. 

O advogado das famílias das vítimas está confiante. "Eu vejo que a sentença tem várias fraquezas jurídicas que vão ser exploradas pela acusação. Espero que o tribunal esteja sensível a esses argumentos dos familiares.” 

Enquanto não houver uma decisão final – o que pode vir a ocorrer apenas na terceira instância (Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal) –, a pena fica suspensa e os pilotos podem continuar trabalhando na American Airlines e na ExcelAir.

Em caso de condenação definitiva, a expectativa é de que a pena seja cumprida nos Estados Unidos, pois o Brasil tem um tratado de cooperação jurídica internacional assinado em 2001. Se o acordo não for cumprido, será criado um problema diplomático.

Acompanhe tudo sobre:acidentes-de-aviaoAviaçãocompanhias-aereasEmpresasEmpresas brasileirasGol Linhas AéreasJustiçaServiçosSetor de transporte

Mais de Brasil

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil

Justiça Eleitoral condena Marçal por abuso de poder e o declara inelegível

Alexandre de Moraes determina suspensão do Rumble no Brasil

ViaMobilidade investirá R$ 1 bilhão nas linhas 8 e 9 para reduzir intervalos e reformar estações