Brasil

PT prepara ofensiva para ouvir autoridades sobre habeas corpus de Lula

Bancadas do partido prepararam, cada uma, ao menos quatro requerimentos para levar ao Congresso Raquel Dodge, Raul Jungmann e Rogério Galloro

Lula: petista cumpre pena de 12 anos e 1 mês prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro (Adriano Machado/Reuters)

Lula: petista cumpre pena de 12 anos e 1 mês prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 15h22.

Brasília - No dia marcado para protocolar o registro da candidatura ao Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT anunciou nesta quarta-feira uma ofensiva de requerimentos de convites e convocações no Congresso a autoridades envolvidas em episódio em que foi concedido --e depois negado-- um habeas corpus ao petista, que está preso desde o início de abril.

As bancadas de senadores e deputados do partido prepararam, cada uma, ao menos quatro requerimentos para levar ao Congresso a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Carlos Eduardo Thompson Flores, e o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro.

A estratégia legislativa de apresentação de requerimentos --que precisam ser submetidos a voto-- é uma reação do partido à entrevista publicada no domingo do diretor-geral da PF ao jornal O Estado de S. Paulo, em que Galloro relata as idas e vindas no dia 8 de julho, um domingo, em que foi concedido o HC ao ex-presidente.

Na ocasião, o desembargador plantonista do TRF-4 Rogerio Favreto concedeu liminar determinando a soltura de Lula e provocou uma cadeia de conversas entre as autoridades sobre a possibilidade de soltura do ex-presidente, relatada pelo chefe da PF na entrevista.

Segundo Galloro, pouco depois de comunicar Jungmann que iria soltar Lula em cumprimento à decisão judicial, foi a vez de Dodge telefonar-lhe para avisar que iria apresentar recurso contra a soltura. Em seguida, relatou o diretor-geral, foi a vez de uma ligação do presidente do TRF-4 "determinando" que Lula não fosse libertado.

"Eles têm que esclarecer à nação, ao Congresso Nacional, ao povo brasileiro o que aconteceu naquele dia", disse a senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR).

"Não se trata de discutir decisões de juízes ou atos de ofício do Ministério Público... tem a ver com o comportamento administrativo e político que tiveram nos bastidores", afirmou a senadora, que deve participar nesta quarta-feira de atos de movimentos sociais para o registro da candidatura de Lula.

A expectativa, segundo o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), é que os requerimentos possam ser votados no próximo esforço concentrado da Casa, no fim do mês. Na Câmara só deve ocorrer no início de setembro. A ideia, explicou, é aprovar convites e convocações das autoridades no plenário, mas não estão excluídas tentativas nas comissões.

Além dos pedidos de depoimentos de Dodge, Galloro, Thompson Flores e Jungmann, há um pedido de informações ao ministro da Segurança Pública. Também está sendo preparado um requerimento para ouvir o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da operação Lava Jato em Curitiba.

Na avaliação do vice-líder do PT na Câmara, deputado Wadih Damous (PT-RJ), a PGR pode ter "incitado" a desobediência a uma decisão judicial. Antes da decisão na noite do dia 8 de julho em que Flores acatou recurso do Ministério Público e manteve a prisão de Lula, o desembargador Rogerio Favreto, responsável pelo plantão do TRF-4, chegou a determinar por três vezes que Lula fosse solto.

"A impetração de habeas corpus em 8 de julho em que se pedia a soltura desencadeou um conjunto de fatos de extrema gravidade e que mostram que o sistema de justiça brasileiro está sob estado de anarquia", disse o vice-líder do PT.

"O diretor-geral da PF vem a público e trata do assunto como se tivesse falando de fatos banais, corriqueiros. Fica claro que houve uma articulação entre Moro, Dodge e Flores, além de Gebran Neto", afirmou, citando também o desembargador que relatou o caso sobre o tríplex no Guarujá, que determinou que o petista continue a cumprir pena de 12 anos e 1 mês prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Luiz Inácio Lula da SilvaPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas

CNU divulga hoje notas de candidatos reintegrados ao concurso