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PT não tem ninguém melhor que Haddad para o Planalto, diz Carlos Siqueira

Presidente nacional do PSB disse que não vê "clima favorável" no partido para apoiar Marina

Carlos Siqueira: presidente do PSB acredita que Fernando Haddad (PT) deve ser o candidato petista (Arquivo PSB/Divulgação)

Carlos Siqueira: presidente do PSB acredita que Fernando Haddad (PT) deve ser o candidato petista (Arquivo PSB/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2018 às 11h22.

Última atualização em 11 de junho de 2018 às 11h23.

São Paulo - Após o ex-ministro Joaquim Barbosa ter desistido, em maio, de concorrer à Presidência da República pelo PSB, o apoio do partido passou ser disputado pelo PT, por Marina Silva (Rede) e por Ciro Gomes (PDT). Na entrevista, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que não vê "clima favorável" no PSB para apoiar Marina e que Fernando Haddad (PT) deve ser o candidato petista.

O PSB negocia com o PT um possível apoio ao candidato presidencial petista, que, por ora, é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso. Essa situação não é desconfortável?

O PT disse que vai levar até agosto ou setembro a candidatura dele, mas eu, pessoalmente, estou convencido de que Lula não poderá ser candidato. Até gostaria que fosse, porque encerraria esse assunto de uma maneira melhor. Mas isso não será possível, e o PT certamente indicará um novo nome para substituí-lo quando chegar no limite do ponto de vista jurídico. Essa interrogação é problemática para a eleição.

Então o PSB está conversando com o PT já tendo em vista que o candidato será outro?

No momento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adotar sua posição definitiva, Lula terá de ser substituído. O candidato apoiado por ele não será desprezível. Há um peso.

Acredita que o ex-prefeito Fernando Haddad será o substituto?

Acredito que sim.

É um bom nome?

Tem experiência. Já foi ministro e prefeito de uma grande cidade. No âmbito do PT, não tem ninguém melhor do que ele. O fato de ser de São Paulo tem o seu peso, já que o eleitorado nordestino, que é grande, o PT já detém.

Como está a conversa com os interlocutores do PT?

Tem acontecido. Temos o interesse do apoio deles em alguns Estados e, em outros, podemos apoiá-los. Há conversas também com o PDT. O Podemos nos procurou, e o (ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência pelo PSDB) Geraldo Alckmin esteve comigo em Brasília na sede do partido. Há vários interessados no nosso apoio.

O que achou dos números da última pesquisa Datafolha? Acredita que Jair Bolsonaro vai para o segundo turno?

Espero que não, mas ninguém tem certeza disso. A pesquisa mostrou um certo grau de indefinição, mas, ao mesmo tempo, indicou a possibilidade de afunilamento (das candidaturas). A centro-direita não vai sair pulverizada como se encontra nesse momento.

O PSB já não cogita mais apoiar o Alckmin. Como fica a situação do governador Márcio França em São Paulo se o partido apoiar um nome da esquerda?

O Márcio tem uma longa trajetória de parceria com Alckmin e o PSDB de São Paulo. Ele tem dito que o apoiará e nós respeitaremos.

O PSB está sendo assediado pelo PT, Ciro Gomes e Marina Silva. Como está o debate interno?

O congresso nacional do PSB colocou três hipóteses para a executiva: a primeira, que era ter candidatura própria, se esvaiu com a desistência de Joaquim Barbosa; a segunda é fazer aliança com os partidos que estão mais próximos do ponto de vista programático; e a terceira, não fazer coligação formal com nenhum candidato. Essas duas últimas hipóteses estão em debate. Temos dez (pré-)candidatos a governador, por isso, temos muito cuidado para não prejudicá-los. Levaremos pelo menos até o fim do mês para tomar uma decisão concreta sobre o caminho que iremos adotar. A prioridade do partido é ampliar suas bancadas na Câmara e no Senado e eleger o maior número de governadores possível.

Há alguma possibilidade de o PSB apoiar Marina Silva? A Rede sinaliza que gostaria de compor com o partido.

Ela é uma candidata forte. Nunca dissemos sim ou não para ela, mas estranhamos o fato de o partido dela ter rompido, há pouco menos de dois meses, com dois governadores do PSB, do Distrito Federal e de Pernambuco. O governador da Paraíba ela nunca apoiou. É estranho ela querer apoio e romper com governos do PSB. Não consigo entender isso. Passamos a não considerar essa hipótese. Neste momento, não vejo clima favorável para (apoiar) essa candidatura presidencial. É muito estranho que queiram um apoio nacional quando se rompe sem motivos relevantes. Até hoje não sabemos a razão desse rompimento. A política é de mão dupla.

É possível recompor a relação com Marina?

Acho muito difícil, mas, na política, nunca devemos dizer nunca ou jamais. Mas acho remota essa possibilidade.

Ciro Gomes é quem hoje está mais próximo do PSB?

Tanto o PDT quanto o PT têm nos procurado com bastante frequência. Ambos mostraram possibilidades de apoio aos nossos candidatos. Vamos conversar e ver se esses apoios de fato se concretizam. Não é possível ficar apenas na palavra. É necessário que façam ações concretas em torno das soluções estaduais. Não é possível que o apoio seja unilateral.

Ciro Gomes ventila a possibilidade de escolher o ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), como vice dele. O que acha dessa ideia?

Se houver a coligação com o PDT em torno da candidatura do Ciro, eu simpatizo muito com a hipótese de o Márcio Lacerda ser o vice dele.

Existe alguma chance de Joaquim Barbosa mudar de ideia e entrar na disputa para a Presidência da República?

Não considero essa possibilidade. Seria uma surpresa para nós. Desde o dia que ele desistiu, não nos procurou mais. Soube que ele estaria viajando para Japão e China. Uma candidatura presidencial é algo muito sério para ficar nesse vai e volta. Não cogitamos essa possibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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