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PT desiste de adiantar anúncio de pré-candidatura de Lula

A decisão foi tomada após advogados alertarem o partido sobre a possibilidade da Justiça Eleitoral impedir o ex-presidente de disputar a Presidência em 2018

Lula: o plano agora é priorizar grandes agendas públicas para Lula (Adriano Machado/Reuters)

Lula: o plano agora é priorizar grandes agendas públicas para Lula (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de março de 2017 às 12h16.

Brasília - Alertados por advogados sobre a possibilidade de a Justiça Eleitoral impedir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de disputar a Presidência da República, em 2018, o PT e o staff do ex-presidente desistiram da estratégia de antecipar o lançamento da candidatura de Lula para este ano.

O plano agora é priorizar grandes agendas públicas para Lula. A próxima deve ser a cerimônias de entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (MG), no dia 21 de abril, onde o petista deve ser o principal orador a convite do governador Fernando Pimentel (PT).

Em dezembro do ano passado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que "a melhor maneira de tentar barrar essa interdição é colocar publicamente para a população a pré-candidatura. Aí não será mais um eventual pretendente".

A ideia era aproveitar o 6.º Congresso Nacional do PT, marcado para os dias 3 e 4 de junho, em Brasília, para fazer um lançamento informal da pré-candidatura de Lula à Presidência.

O objetivo seria blindar o ex-presidente das possibilidades de interdição judicial de sua candidatura. Lula é réu em cinco processos, sendo dois na Lava Jato, em Curitiba, e um na mesma operação em Brasília. Se for condenado em primeira e segunda instâncias, ele pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Na sexta-feira, depois de participar do seminário O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil, Falcão mudou de discurso, disse que não há necessidade de antecipar o calendário eleitoral - que prevê convenções partidárias em junho do ano que vem - e que a precipitação poderia ser entendida pela Justiça Eleitoral como campanha antecipada, aumentando a possibilidade de passivos judiciais do petista.

Questionado sobre a mudança de estratégia, Falcão respondeu: "Desde quando mudar de ideia é crime?".

Assimilação

Internamente, petistas avaliam, com base nas pesquisas de opinião que mostram Lula liderando a corrida por 2018, que a população já assimilou a ideia de que ele será candidato pela sexta vez. A antecipação, portanto, seria inócua e traria mais riscos do que benefícios.

A ordem é preparar grandes agendas populares para Lula em todo o Brasil. O ex-presidente avaliou como muito positivas suas participações tanto no protesto contra a reforma da Previdência que reuniu dezenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista no dia 15, quanto na "inauguração popular" da transposição das águas do rio São Francisco em Monteiro (PB), no dia 19. Ambos tiveram tom francamente eleitoral.

No seminário de sexta-feira, em São Paulo, Lula pediu a líderes petistas que preparem sugestões de agendas semelhantes em todo o País.

A próxima deve ser a entrega da Medalha da Inconfidência, a mais tradicional comenda conferida pelo governo de Minas Gerais, Estado que desequilibrou a favor do PT as últimas quatro eleições presidenciais.

Como Lula já recebeu a ordem máxima, o grande colar da Inconfidência, em 2003, das mãos do então governador Aécio Neves (PSDB), o petista deve ser convidado a ser o orador principal. O governo Pimentel não confirma mas fontes do Palácio da Liberdade dão o convite a Lula como certo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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