A possibilidade de Lula disputar uma eleição presidencial pela sexta vez no ano que vem tem sido publicamente descartada pelo próprio ex-presidente. (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2013 às 21h02.
Brasília - A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser o candidato do PT à Presidência no ano que vem "não tem ressonância" na alta cúpula da legenda, disse nesta quinta-feira o presidente da sigla, Rui Falcão.
A volta de Lula tem ganho alguns simpatizantes até mesmo dentro do PT, especialmente depois da onda de manifestações que tomou as ruas das principais cidades do país no mês passado e da queda na popularidade e na intenção de voto da presidente Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição.
A possibilidade de Lula disputar uma eleição presidencial pela sexta vez no ano que vem tem sido publicamente descartada pelo próprio ex-presidente.
Essa hipótese foi afastada pela cúpula do partido, após reunião da Executiva Nacional petista, em Brasília, nesta quinta-feira, para avaliar a atual conjuntura nacional. A conclusão a que chegaram é que o partido não deve se dividir e deve estar unido em torno de Dilma em 2014.
"A nossa posição e tudo que foi manifestado lá é de defesa do nosso governo e de apoio integral às iniciativas adotadas pela presidenta Dilma", disse Falcão. "Esse assunto não ganha ressonância entre nós", disse.
Um pouco antes da reunião terminar, o senador Jorge Viana (PT-AC), já havia adiantado que o "Volta Lula" havia sido rejeitado pela Executiva.
"Isso seria pior do que antecipar as eleições", disse ele a jornalistas. Segundo o senador, debater esse tema poderia fazer o governo "somatizar" as turbulências causadas pelas manifestações que tomaram conta do país.
Reforma válida para 2014
Após o encontro, Falcão disse acreditar que a pressão das manifestações devem garantir a realização de uma reforma política ainda neste ano, para que as novas normas possam valer já para a disputa eleitoral de 2014.
A proposta de Dilma de um plebiscito para uma reforma política que entre em vigor já no ano que vem tem enfrentado resistência entre partidos aliados e gerado declarações desencontradas entre integrantes de seu governo.
Nesta quinta, o vice-presidente Michel Temer afirmou pela manhã que seria inviável uma reforma política que valesse já para o ano que vem, por conta do calendário apertado. À tarde, no entanto, recuou em nota à imprensa e disse que a prioridade do governo é uma reforma que seja efetiva para 2014.
Para Falcão, a mesma pressão popular que resultou nos últimos dias na celeridade dos trabalhos na Câmara e no Senado pode permitir que pelo menos alguns pontos da reforma política, definidos por meio de plebiscito, possam ser aplicados nas próximas eleições.
"Confiamos em duas questões: primeiro, na aglutinação de outras forças que também desejam reforma já e, segundo, na manifestação de descontentamento que foi apresentada nas ruas com o sistema político atual. E que o Congresso seja sensível a esse tipo de manifestação, que a meu ver vai continuar", argumentou o petista.
Uma nota emitida pela executiva conclama as bancadas do partido na Câmara e no Senado a "trabalharem pela coesão da base aliada da presidenta Dilma no Congresso para convocação no mais curto prazo do plebiscito nacional pela reforma política".
A pressa do governo, entretanto, enfrenta uma barreira no calendário eleitoral. Na terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse que o plebiscito poderia ser realizado 70 dias depois de sua convocação pelo Congresso.
Apenas após a realização da consulta é que os parlamentares trabalhariam para produzir e aprovar a reforma política nos moldes definidos pela população no plebiscito.
Outro obstáculo é o princípio da anualidade, que determina que as regras eleitorais não podem ser alteradas a menos de um ano da eleição, que está marcada para outubro de 2014.