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PT confirma apoio a Freixo para o governo do Rio de Janeiro

A presidente nacional do PT, Gleise Hoffmann, afirmou que "não há como o mesmo partido indicar as duas vagas majoritárias"

Marcelo Freixo: João Maurício Freitas disse que o assunto está "encerrado" e lembrou que uma candidatura majoritária do PT teria caráter simbólico (Valter Campanato/Agência Brasil)

Marcelo Freixo: João Maurício Freitas disse que o assunto está "encerrado" e lembrou que uma candidatura majoritária do PT teria caráter simbólico (Valter Campanato/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 22 de março de 2022 às 17h58.

Última atualização em 22 de março de 2022 às 18h13.

A presidência nacional do PT confirmou apoio à candidatura de Marcelo Freixo ao governo do Rio de Janeiro e se opôs formalmente à possibilidade de ter Alessandro Molon como nome apoiado pelo partido, concomitantemente, ao Senado Federal.

Os dois pessebistas duelam nos bastidores para emplacar suas campanhas, passando por cima de um acordo alinhavado entre os partidos: caberia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a indicação de uma dessas vagas, enquanto o PSB confirmaria o outro nome. Em entrevista ao O Globo, a presidente nacional do PT, Gleise Hoffmann, afirmou que "não há como o mesmo partido indicar as duas vagas majoritárias".

O discurso dela foi endossado pelo presidente do diretório regional petista, João Maurício de Freitas, o Joãozinho. "Na composição ao governo do Rio, o PT apoiará Marcelo Freixo, candidato do PSB, e reivindica, sim, a vaga ao senado, com o nome de André Ceciliano. No nosso entender, no RJ, não há como o mesmo partido indicar as duas vagas majoritárias", disse Gleise.

João Maurício Freitas disse que o assunto está "encerrado" e lembrou que uma candidatura majoritária do PT teria caráter simbólico.

"O nosso posicionamento é claro: Freixo ao governo e Ceciliano ao Senado Federal. Não existe possibilidade de mudança ou de alguém nos convencer do contrário. Não abriremos mão de estar na chapa majoritária", diz Joãozinho. Questionado sobre o fato de o PSB contar com dois candidatos em estados como o Piauí e o Maranhão, o presidente do diretório fluminense do PT disse que a candidatura é fundamental no Rio, já que o estado é o berço do bolsonarismo.

"É importante lembrar o tamanho e relevância histórica do PT no Rio e o simbolismo que esta candidatura terá por aqui, berço dos bolsonaro e desse fenômeno ao qual nos opomos", completou.

A reportagem tentou contato com Alessandro Molon e com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, mas não obteve resposta.

Segundo interlocutores de Marcelo Freixo, ele não tem se engajado nas costuras partidárias para emplacar o colega de partido Alessandro Molon e conseguir uma dobradinha do PSB na disputa majoritária no Rio. O deputado tem deixado a decisão nas mãos das direções partidárias e trata sua candidatura como consolidada. Freixo e Molon se encontrarão em um almoço nesta terça-feira, 23, enquanto André Ceciliano tem o lançamento de sua campanha agendado para o dia 30 de abril.

Rivalidade antiga

Molon e Freixo costumam estar alinhados em votações na Câmara dos Deputados, mas colecionam disputas nos bastidores desde os tempos em que batiam ponto na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Como pano de fundo, há a competição silenciosa pelo posto de principal liderança da esquerda no estado.

A interlocutores, Molon ameaça não se candidatar a cargo algum, caso seja preterido por Freixo e veja seus planos de concorrer ao Senado frustrados. Nem mesmo uma nova eleição à Câmara, como puxador de votos do PSB, o interessaria. Em paralelo, dialoga com políticos de diferentes orientações ideológicas para fazer um contraponto à imagem de radical associada a Freixo.

Quem pergunta a Freixo sobre a possibilidade de deixar a corrida eleitoral ouve dele que os levantamentos para o governo apontam empate técnico com o governador Cláudio Castro (PL), que é apoiado por Bolsonaro. Ele também ressalta que neste ano apenas um candidato será eleito para o Senado, o que torna os planos de Molon mais difíceis, e afirma que se o partido não agir com inteligência, corre o risco de terminar sem a sonhada vitória nas urnas.

Não é de hoje que se comenta a rivalidade entre os dois. Eleito em 2002 para a Alerj, Molon era o principal parlamentar a levantar a bandeira das pautas de costumes na Casa Legislativa. Na legislatura seguinte, Freixo foi eleito defendendo pautas semelhantes e ainda ganhou destaque ao assumir a presidência da CPI das Milícias.

Quase uma década depois, em 2016, os dois foram adversários na campanha para a prefeitura da capital. Freixo, no PSOL, foi derrotado no segundo turno por Marcelo Crivella (Republicanos), enquanto Molon amargou menos de 2% dos votos válidos.

Em 2018, mais um episódio de rivalidade entre os dois teria sido aflorado, quando o movimento 342 artes, liderado pela empresária Paula Lavigne e pelo cantor Caetano Velloso, deu mostras de apoio a Molon à Câmara. Freixo foi convidado a participar de rodas de debates com artistas, depois de se mostrar incomodado com o respaldo dado à candidatura do hoje correligionário.

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