Brasil

PSOL protocola representação contra ministro Gilmar Mendes

Mendes disse que no último dia 26 de abril se reuniu com Lula e que este lhe sugeriu tentar adiar o julgamento do escândalo do mensalão

Lula reagiu com "indignação" e rejeitou a acusação, mas confirmou a reunião com Mendes e assegurou que no encontro também esteve presente Nelson Jobim (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Lula reagiu com "indignação" e rejeitou a acusação, mas confirmou a reunião com Mendes e assegurou que no encontro também esteve presente Nelson Jobim (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 19h37.

Brasília - O PSOL informou nesta quinta-feira que entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tentar manipular a corte.

A solicitação foi formulada em um documento no qual o PSOL considera que "a conduta" de Mendes "gera uma nuvem que deve ser dissipada, para manter e preservar a imagem do Supremo Tribunal Federal".

Em declarações publicadas no sábado passado pela revista "Veja", Mendes disse que no último dia 26 de abril se reuniu com Lula e que este lhe sugeriu tentar adiar o julgamento do escândalo do mensalão, ocorrido em 2005, durante seu primeiro mandato, e que, segundo a corte, será realizado durante o segundo semestre deste ano.

O magistrado também declarou que Lula insinuou que sabia de suas supostas relações com uma máfia do jogo ilegal que está sendo investigada pelo Congresso e que ganharia projeção na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários.

Lula reagiu com "indignação" e rejeitou a acusação, mas confirmou a reunião com Mendes e assegurou que no encontro também esteve presente o ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, que também desmentiu de forma categórica o magistrado.

Em declarações nesta terça-feira, Mendes admitiu que pelo menos em duas ocasiões utilizou para viagens internas aviões que lhe foram facilitados pelo senador Demóstenes Torres, que está sob investigação por seus supostos vínculos com Cachoeira.

Segundo o magistrado, é "normal" e não existe dolo no fato de aceitar o convite de um senador, com quem, além disso, mantém uma relação de amizade.

O PSOL, no entanto, considera que tanto as denúncias feitas contra Lula como as viagens do magistrado devem ser investigados, inclusive porque a polícia suspeita que os aviões usados por Demóstenes pertencem, na realidade, à máfia do jogo.

"Ao contrário do que sustenta Mendes, há sim algo de anormal no fato de um magistrado do Supremo aceitar viajar em aviões particulares", afirma o PSOL, para o qual "toda função pública exige absoluta cautela para aceitar qualquer favor e exige também uma nítida separação entre o público e o privado".

O PSOL também pretende que Mendes esclareça por que, se a reunião com Lula e sua suposta "proposta indecente" ocorreram no dia 26 de abril, segundo confirmaram ambos, demorou um mês para manifestar publicamente sua indignação.

"Sua decisão de manter-se em silêncio" durante um mês "deve ser investigada e esclarecida", sustenta o partido.

Perante este pedido de investigação formulado perante a Procuradoria, a assessoria de imprensa do Supremo informou hoje que Mendes decidiu "não pronunciar-se". 

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