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Eduardo Bolsonaro desliga todos os 12 vice-líderes do PSL na Câmara

Lista dos destituídos é composta em sua maioria por parlamentares ligados ao presidente da legenda, Luciano Bivar

Eduardo Bolsonaro: filho do presidente foi nomeado líder do partido (Alan Santos/PR/Palácio do Planalto/Flickr)

Eduardo Bolsonaro: filho do presidente foi nomeado líder do partido (Alan Santos/PR/Palácio do Planalto/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 18h28.

Última atualização em 22 de outubro de 2019 às 10h57.

São Paulo — O PSL decidiu desligar todos os 12 vice-líderes do partido na Câmara nesta segunda-feira (21) depois de mais um capítulo da batalha que nomeou Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como líder da bancada.

A lista dos destituídos é composta em sua maioria por parlamentares ligados ao presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), que protagoniza uma disputa interna com o presidente Jair Bolsonaro.

Os deputados desligados de suas função são: Dayane Pimentel (BA), Nicoletti (RR), Nereu Crispim (RS), Nelson Barbudo (MT), Júnior Bozzella (SP), Julian Lemos (PB), Joice Hasselmann (SP), Heitor Freire (CE), Felício Laterça (RJ), Coronel Tadeu (SP) e Charles Evangelista (MG).

Também foi desligado da vice-liderança o deputado Daniel Silveira (RJ), aliado de Bolsonaro, que foi o responsável por se infiltrar em uma reunião com o Delegado Waldir e depois divulgar um áudio em que o ex-líder do PSL falava sobre "implodir" o presidente.

Com a decisão, Eduardo Bolsonaro é o único que pode falar pelo PSL na Câmara dos Deputados. Também é de sua responsabilidade orientar a bancada sobre as votações na casa legislativa. Na ausência do líder, o papel fica para os vices.

Eduardo líder

Na manhã desta segunda-feira (21), o delegado Waldir divulgou um vídeo anunciando que deixaria o posto de líder do PSL na Câmara. Quem assumiu foi o filho presidenciável, também deputado federal. No entanto, a ala dos bivaristas, que apoia Waldir, ainda tenta devolver o cargo a ele.

Apesar da disputa de hoje, a guerra de lideranças na Câmara começou na noite de quarta-feira da semana passada, dia 16, quando aliados de Bolsonaro apresentaram duas listas com 26 e 24 assinaturas destituindo Waldir e indicando Eduardo Bolsonaro como líder do partido na Casa. Menos de meia hora depois, parlamentares ligados a Waldir apresentaram uma segunda lista, com 29 nomes.

Na manhã seguinte, dia 17, Bolsonaro decidiu que iria substituir a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, que assinou a lista de Waldir. Quem assume o cargo é Eduardo Gomes (MDB-TO).

Naquele dia, a Mesa Diretória da Câmara dos Deputados analisou as assinaturas dos parlamentares das três listas e quem levou a melhor foi a ala do Delegado Waldir. 

De acordo com a secretaria-geral da Câmara, as assinaturas apresentadas pelo grupo dissidente, que indicaram Eduardo, não alcançaram o número suficiente para tirar o atual líder do posto.

No mesmo dia, o deputado Daniel Silveira (RJ) vazou um áudio, em que Waldir chama Bolsonaro de “vagabundo” e diz que vai “implodir” o presidente. “Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Não tem conversa. Eu implodo ele. Eu sou o cara mais fiel. Acabou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu votei nessa p*, eu andei no sol em 246 cidades para defender o nome desse vagabundo”. Logo em seguida, alguém não identificado o alerta: “Cuidado com isso, Waldir.”

Crise no PSL

A briga interna para liderança do PSL acontece em meio à uma disputa entre os parlamentares da ala aliada a Bolsonaro e dos aliados ao presidente nacional da sigla, Luciano Bivar.

A crise ganhou as manchetes há cerca de duas semanas, quando Bolsonaro falou para um apoiador “esquecer” o PSL porque o presidente nacional do partido, Luciano Bivar, está “queimado pra caramba”.

A fala foi vista como uma tentativa de se distanciar das acusações que recaem sobre Bivar e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, ambos investigados por liderarem esquemas de candidatas-laranja nas eleições, em Pernambuco e em Minas Gerais, respectivamente. As acusações contra o ministro vem desta fevereiro, mas ele segue no cargo.

No dia anterior à fala, o presidente exigiu de Bivar, por telefone, o comando do PSL. Disse que, caso a situação continuasse como está, deixaria o partido. Bivar recusou o ultimato.

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro apoiam a ideia de ele tomar o controle do partido. “Continuamos (no PSL) se o presidente puder assumir a Executiva do partido. O partido só é o que é hoje porque Bolsonaro foi eleito. ”, disse Carla Zambelli (SP), uma das dissidentes.

Dois dias depois do alerta ao apoiador, Bolsonaro e mais 21 parlamentares enviaram um requerimento solicitando uma auditoria nas contas públicas dos últimos cinco anos do PSL. O documento chama de “precárias” as prestações de contas do partido e afirma, ainda, que “a contumaz conduta pode ser interpretada como expediente para dificultar a análise e camuflar irregularidades”.

Na quinta-feira passada (10), a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a Bivar. O pedido havia sido feito em agosto, mas autorizado apenas agora. Deputados ligados ao dirigente do partido atribuíram a operação a uma espécie de retaliação do presidente.

O delegado Waldir, inclusive, foi uma dos mais críticos à ação. Em entrevista, ele disse que o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente, e seu ex-assessor Fabrício Queiroz, acusados da prática de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deveriam ser também alvo de buscas.

A tensão entre as duas alas do partido se intensificou na terça-feira da semana passada, quando Waldir orientou sua bancada a obstruir a votação de uma medida provisória de interesse do Palácio do Planalto.

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