Geraldo Alckmin: segundo ele, há três correntes diferentes dentro do partido (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de junho de 2017 às 14h29.
São Paulo - Na véspera da apreciação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do pedido de prisão do senador Aécio Neves (PSDB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou na manhã desta segunda-feira, 19, que o partido tem que aguardar a decisão da Justiça com "confiança e serenidade" e que pode sair da base do governo de Michel Temer a qualquer momento.
Segundo Alckmin, o PSDB está acompanhando a crise dia a dia. "Podemos sair da base a qualquer momento. Sair é deixar de ter ministério, o que, aliás, eu acho completamente secundário. Quando houve o impeachment, fui contra que o PSDB ocupasse ministérios, sempre fui. Não deveria ter entrado, indicando ministros, mas a maioria decidiu", ressaltou.
O tucano paulista voltou a dizer que agora o importante é terminar as reformas. "É o que temos defendido. A reforma trabalhista, que vai estimular emprego e diminuir a informalidade, deve estar aprovada até o final do mês. Vamos aguardar a sanção pelo presidente da República. A reforma previdenciária, logo logo vamos saber o seu destino. É mais difícil porque é uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). E a reforma política é até setembro. Se não for feita até lá não valerá para a próxima eleição."
De acordo com Alckmin, há três correntes diferentes dentro do partido. "Tem aqueles que querem sair imediatamente; aqueles que, assim como um casamento, é até que a morte dos separe; e a nossa posição, que é aguardar para completar as reformas, questão de 60, 90 dias. Nosso compromisso não é com o governo, mas com a retoma do emprego, o crescimento da economia e da renda da população. Se não saíssemos imediatamente, iríamos piorar a situação", afirmou. Logo em seguida, porém, negou que estivesse dando prazo para uma eventual saída da base. "Não tem data, estamos acompanhando os fatos dia a dia, podemos sair a qualquer momento", repetiu.
Sobre a situação de Aécio Neves, o governador disse que a sigla deve aguardar com serenidade a decisão da Justiça, com confiança e toda a oportunidade para que ele possa se defender.
Questionado se Aécio teria condições de permanecer à frente do partido caso seja preso, Alckmin ressaltou que o senador já está afastado da presidência da legenda, atualmente sob o comando interino do também senador Tasso Jereissati.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo semana passada, o governador defendeu que o PSDB antecipe a convocação de uma convenção para escolha de um novo presidente e renovação da executiva nacional.
Segundo Alckmin, essa medida pode ser tomada porque o estatuto tucano não prevê que um presidente possa ter o mandato prorrogado, situação atual de Aécio.
"Tem que investigar, punir quem é culpado, inocentar quem é inocente. Mas o Brasil precisa continuar funcionando. Estamos com 14 milhões de desempregados e outros 6 milhões no chamado desalento, que são aqueles que deixaram de procurar emprego. Precisamos redobrar o esforço. Aqui, em São Paulo, temos um bom modelo, investindo em infraestrutura. Só a Secretaria de Transporte Metropolitano tem hoje 13,4 mil pessoas trabalhando em obras."