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PSDB minimiza declaração de Villas Bôas, e PSOL diz que é "inaceitável"

Tucano não vê tom de ameaça na declaração do comandante do Exército, e PSOL considera que ato pode indicar ação das forças armadas após julgamento de Lula

Villas Bôas: comandante defendeu que Exército tem repúdio â impunidade e respeito à Constituição (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Villas Bôas: comandante defendeu que Exército tem repúdio â impunidade e respeito à Constituição (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de abril de 2018 às 15h35.

Última atualização em 4 de abril de 2018 às 15h42.

Enquanto o plenário da Câmara dos Deputados se mantém vazio à espera da conclusão do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF), apenas duas bancadas se posicionaram publicamente sobre a manifestação do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Para o PSOL, o comentário do general era digno de repúdio, mas para o PSDB a declaração era apenas a demonstração de "repúdio à impunidade".

"Considero normal e não vejo insinuações ou tom de ameaça na declaração do comandante do Exército, Gen. Villas Boas. Ele tem o direito de se manifestar e defendeu o que os brasileiros de bem defendem: repúdio à impunidade, respeito à Constituição, à paz social e à democracia", disse em nota Nilson Leitão (MT), líder dos tucanos na Câmara.

Para o deputado ruralista, as discussões no momento estão "acaloradas", mas as instituições continuam funcionando. "O fundamental é que a decisão de hoje seja a favor do Brasil. Ninguém está acima da lei. Decisões radicais, em qualquer circunstância, só beneficiam os radicais", finalizou Leitão.

Ontem à noite, o comandante do Exército manifestou, por meio do Twitter, o "repúdio" da Força à impunidade. "Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais." Sem se referir diretamente ao julgamento do habeas corpus de Lula, o general continuou dizendo: "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?".

Em nota com posição contrária a dos tucanos, o PSOL disse que o tom do general era "inaceitável" por sugerir veladamente que o Exército poderia agir a depender do resultado do julgamento de hoje. "Dessa forma, o general age como 'indutor' da violência entre os brasileiros, incentivando os mais desequilibrados a se insurgir contra a Constituição brasileira", diz a mensagem da Executiva Nacional do partido.

A sigla ressalta que há um quadro de "escalada de violência política inédita desde a redemocratização", cita a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e diz que as declarações do general "só agravam esse cenário". "Bandos de extrema-direita - incentivados por figuras do mundo político e agora das Forças Armadas - ameaçam as liberdades democráticas. O Brasil só vencerá a profunda crise em que se encontra com mais democracia e coibindo ameaças intolerantes e desequilibradas como as aqui mencionadas", aponta o PSOL.

Alguns deputados se revezam em discursos ininterruptos na tribuna do plenário da Câmara. Embora 432 parlamentares tenham registrado presença na Casa hoje, só 10 deputados estão no plenário neste momento.

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