PSDB: Em troca do apoio a Tebet, os tucanos aumentaram a pressão para que o MDB apoie os seus pré-candidatos a governador (Pedro França/Agência Senado)
Agência O Globo
Publicado em 1 de junho de 2022 às 17h37.
Última atualização em 1 de junho de 2022 às 17h44.
O PSDB adiou para o próximo dia 9 a decisão sobre o apoio ao nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata à Presidência da República ou o lançamento de uma candidatura própria. A reunião da executiva da sigla deveria ser realizada nesta quinta-feira, mas a definição esbarrou na dificuldade de viabilizar as alianças regionais entre PSDB e MDB nos estados.
Se os tucanos conseguirem manter as pré-candidaturas próprias no Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, o PSDB fecha o acordo com o MDB. Diferentemente do cenário em Pernambuco, dirigentes da sigla não abrem mão dos dois estados.
Em troca do apoio a Tebet, os tucanos aumentaram a pressão para que o MDB apoie os seus pré-candidatos a governador. Em Mato Grosso do Sul, estado de Tebet, o MDB resiste a retirar a pré-candidatura do ex-governador André Puccinelli para apoiar o pré-candidato do PSDB, Eduardo Riedel. Puccinelli é aliado político de Tebet, mas até agora não deu sinais de que pode ceder para ajudar a correligionária.
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Até agora, porém, o MDB de Mato Grosso do Sul se opôs a abrir mão da candidatura. Mas lideranças tucanas querem que o presidente do MDB, Baleia Rossi, intervenha, se necessário, no diretório daquele estado para fazer valer o pacto de centro da terceira com PSDB e Cidadania.
Reservadamente, lideranças tucanas têm dito que uma candidata a presidente precisa demonstrar força política em seu estado e não pode ser subserviente a aliados políticos. Em Pernambuco, o MDB tem uma aliança com o PSB e pretende apoiar o candidato da sigla e deputado Danilo Cabral. No entanto, o apoio do MDB ao PSDB sempre foi lido internamente como "difícil" e um estado onde os tucanos poderiam ceder, caso haja reciprocidade dos emedebistas no RS e MS.
Na eleição gaúcha, por sua vez, também há resistência do MDB, e os dirigentes da sigla têm dito que a pré-candidatura do deputado estadual Gabriel Souza será mantida. Ainda assim, há mais otimismo de que haja um entendimento entre PSDB e MDB, já que Souza foi presidente da Assembleia Legislativa quando as reformas do ex-governador Eduardo Leite foram aprovadas pela Casa e ajudaram o estado a voltar a pagar salários dos servidores em dia. Leite e Souza sempre foram próximos. Caso Leite seja mesmo o candidato a governador, a tendência é que Souza abra mão para apoiá-lo.
Há ainda uma ala tucana que insiste em lançar uma candidatura própria e quer ressuscitar a candidatura de Leite. Desde sua fundação, o PSDB nunca deixou de lançar candidatura própria ao Palácio do Planalto. Para alguns tucanos históricos, o cenário de abrir mão da corrida presidencial não só quebraria uma tradição, mas também simbolizaria, de certo modo, a perda da relevância nacional da sigla. Ainda assim, hoje a maioria das lideranças tucanas preferem apoiar Tebet e priorizar a eleição da bancada de deputados e os governos estaduais, já que acreditam que a terceira via dificilmente vai se viabilizar.
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