Aécio Neves: no PSD-RJ, os dirigentes dizem que a aliança com Aécio foi acertada com o comando nacional do partido (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2014 às 16h50.
Rio - Duas semanas depois de uma dissidência do PMDB no Rio se aproximar do candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, o tucano recebe na noite desta sexta-feira, 25, o apoio do PSD-RJ.
Embora o presidente nacional do PSD, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, tenha se comprometido com o apoio do partido à reeleição de Dilma Rousseff, o PSD fluminense já trabalha pela chapa "Aezão", que reúne Aécio e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que em outubro disputará o segundo mandato.
O apoio do PSD-RJ a Aécio é o mais explícito, mas não é o único.
Em Minas Gerais, Paraná, Goiás e Pará, o partido também deverá apoiar o tucano. Em Pernambuco, o PSD ficará com Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência.
Ao contrário da situação do PMDB, em que a dissidência no Rio irritou o vice-presidente Michel Temer e provocou uma tentativa de conter as adesões a Aécio, no PSD-RJ os dirigentes dizem que a aliança com Aécio foi acertada com o comando nacional do partido.
"No nosso caso, não se trata de uma dissidência. Respeitamos a decisão nacional e o partido entende que há questões regionais. A opção da grande maioria do partido no Rio e minha também, até pela minha história, é de apoio a Aécio", diz o presidente do PSD fluminense, o ex-deputado Indio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra em 2010.
Indio é anfitrião do jantar, em um hotel no Leblon (zona sul), que reunirá hoje vinte parlamentares, prefeitos e outros líderes do partido no estado.
"Estamos trabalhando na chapa Aezão, respeitando a proximidade do governador Pezão com o PT nacional. O PSD trabalha por Aécio e Pezão", afirma Indio, referindo-se ao fato de que Pezão e seu antecessor, Sérgio Cabral, manifestaram apoio a Dilma.
"O PSD nacional nos liberou para apoiar o senador Aécio Neves. Agora estamos ocupados em construir no estado um palanque que unifique as forças em torno do nome de Aécio. Quem coordena majoritariamente a formação desse palanque é o PMDB e nós damos suporte", disse o deputado Arolde de Oliveira, vice-presidente do PSD-RJ.
O diretório fluminense espera indicar o candidato ao Senado ou a vice-governador na chapa de Pezão.
"O PSD tem posição de apoio a Dilma, mas existem situações específicas em cada um dos Estados. Minha linha é ficar com o partido, com a presidente Dilma", diz o secretário-geral do PSD nacional, ex-deputado Saulo Queiroz.
Líder do governo Pezão na Assembleia Legislativa, o deputado André Corrêa, secretário-geral do PSD-RJ, pretende, no jantar, cobrar que o PSDB entre formalmente na coligação de Pezão.
Os tucanos do Rio resistem à aliança formal, porque fizeram oposição a Cabral durante sete anos, mas têm interesse no apoio do PMDB. "O projeto nacional é a nossa prioridade", diz o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).
"Aécio é quem conduzirá o processo", reitera o presidente do PSDB-RJ, Luiz Paulo Corrêa da Rocha.
"Vamos discutir a melhor forma de participar do projeto Aezão. Para que a parceria possa se desenvolver com naturalidade é fundamental que o PSDB faça parte da coligação, que a aliança exista inclusive juridicamente, de fato e de direito. A questão política é primordial, mas tem também a questão prática para fazer a campanha de Aécio e Pezão. Temos que pensar em coisas como material de campanha, mobilidade dos candidatos", diz Corrêa.
No Rio, além de parte do PMDB e do PSD, outros partidos da base de Dilma e de Pezão, como PTB e PP, têm conversado com os tucanos sobre aliança em torno de Aécio. Liderado pelo presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, o grupo pró Aécio se formou depois que o PT decidiu lançar o senador Lindbergh Farias candidato ao governo do estado.
Picciani argumentou que os peemedebistas não aceitariam palanque duplo para a presidente.
Agora, o dirigente defende que o palanque de Pezão seja aberto a Aécio, a Dilma e ao Pastor Everaldo, candidato do PSC à Presidência. "A tese do palanque único está vencida, não se fala mais nisso", justifica Picciani.