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PSB não é satélite do PSDB, diz dirigente

Carlos Siqueira vive um dilema desde a eleição de 2014: fazer oposição sistemática ao governo, como defende o PSDB, ou se reaproximar do PT?


	Carlos Siqueira: "não faremos oposição sistemática. Podemos eventualmente apoiar projetos do governo, mas não vamos aderir ao governo ou reivindicar cargos"
 (Arquivo PSB)

Carlos Siqueira: "não faremos oposição sistemática. Podemos eventualmente apoiar projetos do governo, mas não vamos aderir ao governo ou reivindicar cargos" (Arquivo PSB)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 10h00.

São Paulo - Escolhido presidente do PSB após a morte de Eduardo Campos, em agosto passado, o advogado especialista em direito eleitoral Carlos Siqueira, de 60 anos, vive um dilema desde a eleição de 2014: fazer oposição sistemática ao governo federal, como defende o PSDB, ou se reaproximar do PT?

Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo Siqueira sinaliza uma reaproximação com o antigo aliado, crítica posições dos tucanos e rechaça a pecha de satélite no projeto de poder do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Ao avaliar o processo eleitoral de 2014, o dirigente debita na conta de Marina Silva os erros que fizeram a campanha da sigla derreter na reta final.

Questionado sobre se estaria havendo uma reaproximação do PSB com o PT e o governo em virtude de o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, ter se encontrado, na quinta-feira, 5, com o ex-presidente Lula, Siqueira é taxativo: "diz que a posição do partido é de independência propositiva, que irão dialogar com todas as forças políticas, inclusive com o governo e seu partido.

A reportagem questiona o advogado lembrando que o PSDB tem advogado a formação de um bloco de oposição e pergunta se essa não seria a linha do PSB.

"Não faremos oposição sistemática. Podemos eventualmente apoiar projetos do governo, mas não vamos aderir ao governo ou reivindicar cargos. Foi formalizado um bloco do PSB com PPS, PV e SD.

Assinei um documento com os demais presidentes destes partidos para que atuemos como uma federação de partidos.

Vislumbramos a ação no parlamento, mas também as eleições municipais de 2016 nas capitais e principais cidades. Isso nos daria um pouco mais de 3 minutos de TV.

Siqueira diz que o PSB não descarta alianças com outros partidos, inclusive com o PT, em 2016.

"Eles é que têm dificuldade em nos apoiar" Nega haver qualquer preconceito de seu partido, mas ressalta que a prioridade nessa questão será dos que compõem o bloco do PSB. Haveria algum setor do PSB que defende a volta do partido à base da presidente Dilma Rousseff? questiona a reportagem.

Ele conta que alguns companheiros tinham essa posição e queriam apoiar a reeleição da presidente no momento em que a executiva do partido se reuniu para afirmar a posição de independência propositiva.

"Tivemos uma certa flexibilidade em Estados como Paraíba, Amapá e Bahia, onde o PSB apoiou a presidente. A independência nos coloca em uma posição de analisar caso a caso para decidirmos nossas posições."

Perguntado sobre como avaliaria a relação com os tucanos, uma vez que algumas lideranças do PSB, como a deputada Luiza Erundina (SP), que é do diretório nacional, estariam reclamado que a sigla está gravitando muito em torno do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o advogado dispara: "Tivemos um episódio com eles, que foi o 2º turno (das eleições presidenciais de 2014). Nunca fomos nem nunca seremos satélites do PSDB, assim como não fomos do PT."

Eleições 2016

O fato de o PSB estar fora do governo federal levaria o partido a sair menor das eleições de 2016? Siqueira diz que não há esse temor dentro do partido.

"Já iniciamos o processo de consulta à militância. Perdemos nosso grande líder (Eduardo Campos), mas temos um conjunto de lideranças intermediárias. Teremos com o governo federal uma relação republicana. Não compartilho da ideia dos pessimistas de que não vamos crescer por estar sem cargos e fora da Mesa (Diretora do Congresso).

Outro assunto definido dentro do PSB em sua opinião diz respeito a Marina Silva, que deve deixar o PSB em abril para tentar novamente formar a Rede Sustentabilidade.

Questionado sobre se gostaria que ela ficasse, Siqueira não tem meias-palavras: "Marina Silva nunca foi do PSB. Ela filiou-se e foi bem vinda, mas sabemos que isso se deve ao fato de que a Rede não foi legalizada. Felicito ela por estar conseguindo montar seu partido, com o qual poderemos manter alianças. Nunca tivemos expectativa de que ela permanecesse no PSB. Não fizemos qualquer movimento para que isso ocorresse."

Mas e os atritos entre Siqueira e Marina Silva durante a campanha de 2014? Estaria Siquera arrependido de algo ou avalia que teria errado no tom?

"Estávamos em um clima demasiadamente emocional pela morte de Eduardo Campos, mas não faço autocrítica. Faria tudo outra vez, se fosse necessário. Tive minhas razões para dar as declarações que dei. Eu não tinha disposição para continuar coordenando a campanha. Alguns jornais e revistas tentaram me dar espaço depois daquilo, mas a partir dali simplesmente me afastei. Deixei a campanha, mas não fiz qualquer movimento para prejudicar a candidatura. O insucesso não se deve em absoluto às minhas declarações e desavenças com Marina.", completa

Siqueira avalia que durante a campanha houve erros muito grandes do PSB na forma como o programa de governo foi apresentado e isto estaria entre os motivos que levaram o PSB a perder a eleição. Mas quais seriam esses erros? "O fato dele ter sido revisado depois de divulgado e de defender determinadas teses que não são do PSB. Isso foi o fundamental para que a campanha não conseguisse manter-se em ascensão depois da morte de Eduardo Campos.

E quanto aos movimentos sociais, o recuo do programa citado por ele durante a campanha teria abalado a relação do PSB com esse grupo? Siqueira diz que aquilo foi uma posição da candidata (Marian Silva) e não do PSB, que, segundo ele, tem uma visão libertária da vida e é laico. "Jamais aceitaríamos aquele recuo (na pauta LGBT). Todos sabem nessa área LGBT que aquela não era nossa posição."

Uma questão polêmica diz respeito ao parecer do jurista Ives Gandra feito a pedido de um advogado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que indica que existe base jurídica para pedir o impeachment de Dilma.

A reportagem pergunta o que ele acha disso. "A decisão do povo precisa ser respeitada. Não se pode banalizar o impeachment. Não achamos que é hora de falar disso.

Quanto ao fato de os petistas chamarem de golpismo a tese de impeachment, Siqueira alega que não é golpismo, mas que considera inoportuno esse tema. "Não há razão para isso", opina.

Outra posição bem definida pelo presidente do PSB diz respeito a outra polêmica: a questão de o PSDB ter pedido auditoria da eleição de 2014. O advogado considera um erro o pedido.

"Eu não assinaria a petição do PSDB. Nós não pediríamos, pois não estamos questionando o resultado da eleição. Se admitimos esse sistema, devemos acatar o resultado. Apesar disso, não confio cegamente nesse sistema. O voto devia ser impresso.

Por fim, Siqueira fala do impacto da morte de Eduardo Campos para o PSB: "O impacto foi enorme sobre a vida interna do PSB. Havia sobre ele uma expectativa de poder a curto e médio prazo. Mas o legado dele não vai envelhecer. Estamos lutando para que nosso partido não se transforme em um "peemedebezinho". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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