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PSB diz que irá se opor ao governo Bolsonaro, mas não de forma sistemática

"Vamos agir em face das proposições que o governo fizer. Mas evidentemente os prenúncios não são dos melhores", disse o presidente da sigla, Carlos Siqueira

Carlos Siqueira: presidente do partido afirma que fará "defesa intransigente" de princípios democráticos, mas sem apostar no "quanto pior, melhor" (Arquivo PSB/Divulgação)

Carlos Siqueira: presidente do partido afirma que fará "defesa intransigente" de princípios democráticos, mas sem apostar no "quanto pior, melhor" (Arquivo PSB/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 20h23.

Brasília - O PSB decidiu, em reunião da Executiva do partido nesta segunda-feira, 5, que fará oposição ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, mas ponderou que sua atuação não será sistemática e nem apostará no "quanto pior, melhor".

Em documento assinado pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, o partido aponta que fará "defesa intransigente" de princípios democráticos e se colocará no campo da oposição com "brios e valores" à "guinada conservadora" no país, sem, no entanto, usar o sofrimento dos brasileiros como "trampolim" para as próximas eleições.

"Não é o caso, por certo, de inviabilizar o governo, de lhe fazer oposição sistemática, mas de moderá-lo até o ponto - sempre e onde for possível - que prevaleçam as teses e agendas de interesse nacional e de nossa população", diz o documento. "Não faremos, contudo, oposição a partir de uma perspectiva abstrata, opondo sem qualquer intermediação possível", segue o presidente, no texto discutido nesta segunda-feira na reunião da Executiva. "Exerceremos uma resistência sem tréguas, mas em uma perspectiva que busca o bem comum. A lógica do 'quanto pior, melhor' não nos cativa ou estimula."

Segundo uma fonte do partido, um integrante da reunião chegou a propor uma "independência crítica", possibilidade rejeitada pelos demais presentes e decidiu-se pela oposição não automática.

"Vamos agir em face da realidade, em face das proposições que o governo fizer, que o governo venha a adotar. Mas evidentemente os prenúncios não são dos melhores", disse Siqueira a jornalistas.

"Agora que temos uma posição oficial definida, nós vamos partir para conversações com todas aquelas forças políticas, não apenas de esquerda, mas todos que defendam a manutenção da democracia e manutenção dos direitos sociais... vamos juntar todos aqueles que desejarem defender a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos sociais", acrescentou o presidente da legenda.

Bloco

PSB, PDT e PCdoB discutem a formação de um "blocão" de oposição na Câmara dos Deputados, o que poderia dar mais força ao grupo na disputa por espaço e postos de decisão na Casa. Para fora, esses partidos têm dito que o PT é bem-vindo, mas a legenda ainda não participou das reuniões e há dúvidas se concordaria em não exercer o protagonismo no grupo, relatou a fonte do PSB.

"Na verdade os partidos de esquerda não ficaram felizes com a declaração do PT de que há um comandante da oposição", reconheceu Siqueira. "Não haverá uma oposição. Haverá várias oposições e naturalmente nós estaremos a fazer um bloco que será um bloco amplo", afirmou o presidente do PSB, segundo quem há possibilidade da incluir outros partidos no grupo, como o PPS e o PV.

A Rede, de Marina Silva, também estaria entre as siglas que poderiam compor o bloco, relatou a fonte do partido. Segundo outra fonte do partido, a formação do bloco é quase certa e entre as três siglas que articulam a formação do grupo, o PDT seria o mais resistente uma formação oficial com o PT.

Terceiro colocado nas eleições presidenciais deste ano, Ciro Gomes (PDT), assim como seu irmão, o senador eleito Cid Gomes (PDT) vocalizam abertamente seu descontentamento com a atuação do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial, creditando a eles puxadas de tapete na campanha impedindo coligações que poderiam turbinar a candidatura do pedetista.

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