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PSB aposta em filiação de nomes de peso para indicar vice de Lula

Chegada de Freixo, Tabata e Flávio Dino leva presidente do partido, Carlos Siqueira, a acreditar que possa construir aliança para eleição de 2022

 (Leandro Fonseca/Exame)

(Leandro Fonseca/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 8 de outubro de 2021 às 15h59.

Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 16h05.

Após se afastar do PT em 2014, o PSB trabalha para se fortalecer como opção a vice numa eventual chapa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Parte da estratégia da sigla para conseguir esse resultado é filiar nomes de peso, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, que saiu do PCdoB, e os deputados Marcelo Freixo, ex-PSOL, e Tabata Amaral, ex-PDT. Outras jogadas da legenda são pregar soluções à esquerda alinhadas ao avanço tecnológico do século 21, o chamado "socialismo criativo" e dar autonomia para seus quadros formarem alianças locais com centro e centro-direita nas próximas eleições.

Além de serem nomes de apelo de voto, os novos "socialistas" também trazem seus seguidores ao PSB. Tabata, a última a se filiar, arrastou um grupo de lideranças femininas como Duda Alcântara, ex-presidente municipal da Rede Sustentabilidade em São Paulo.

"No momento, nossa pretensão [para 2022] é modesta. Mas, pelo tamanho que o PSB tem, pela sua capacidade de renovação, qualquer que seja o candidato [à Presidência] que ele apoie, o PSB deveria ter a condição de vice. Se apoiarmos o Lula, defendemos, sim, um vice", diz o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

Apesar do otimismo de Siqueira, o PT ainda não deu nenhum sinal concreto de que fará uma aliança com o PSB e aceitará a indicação de um candidato a vice-presidente.

O cálculo de Siqueira é que no próximo ano o PSB consiga aumentar ligeiramente sua base na Câmara, dos atuais 31 deputados para "pouco menos de 40". Na eleição para governadores, o partido vai se concentrar em cinco estados: Pernambuco e Espírito Santo, onde a sigla já governa, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Não há fortes pretensões para o Senado, mas dois senadores com que Siqueira diz negociar a filiação.

O "socialismo criativo" é um dos motes desse novo programa da legenda, que tem foco em temas como economia criativa, sustentabilidade ambiental e empreendedorismo. Da esquerda ao centro, a leitura dos novos quadros é que o espaço ocupado pelo PSB, fora da rixa entre PT e PDT, tem maior capacidade de diálogo para além da esquerda — aspecto que, julgam eles, será fundamental para montar uma aliança capaz de tirar Jair Bolsonaro do poder.

"[O PSB] não é um partido construído em torno de um único projeto, que gira em torno de uma única figura, mas um partido que tem grandes lideranças, que discordam de algumas coisas, mas estão unidas nos valores que, para mim, são inegociáveis: da luta contra a desigualdade, da luta pela educação pública", declara Tabata.

Freixo, que deixou o PSOL após ver naufragarem seus planos de formar uma frente ampla para disputar o governo do Rio de Janeiro no ano que vem, diz que o PSB poderá dar a ele essas condições de furar a bolha da esquerda.

"É um partido que vai poder dialogar com amplos setores e razer todos os setores progressistas, mas também de centro, para um projeto de governabilidade que retire do Rio o domínio das máfias", diz ele.

Outro cálculo que os novos quadros fazem é que o PSB oferece possibilidade de atuação dentro da esquerda sem o ônus do antipetismo, sentimento que, avaliam alguns, deve ter alguma força no eleitorado em 2022.

"O PT foi incrível e fundamental nas décadas de 1980, 1990 e 2000,. Mas criou-se uma rejeição ao partido, até com coisas que realmente não têm a ver com o PT. Tem um grupo que acredita que a gente precisa reimaginar a esquerda e não quer estar vinculado com o PT, apesar de que faremos coligações e estaremos com o PT em palanques de muitos lugares", afirma Duda Alcântara.

Um dos motivos para explicar por que Siqueira não espera um crescimento significativo de sua bancada federal é que parte dos deputados atualmente filiados à sigla deve se desfiliar na próxima janela partidária por falta de alinhamento ideológico.

O racha na bancada ficou mais claro em agosto, na votação do projeto de lei que instituiria o voto impresso nas eleições. Apesar de serem oposição ao governo, 11 dos 31 pessebistas desobedeceram orientação partidária e votaram a favor do projeto que é obsessão de Bolsonaro.

Seis desses parlamentares já haviam sido processados pela legenda por votarem a favor da reforma da Previdência em 2019, também contra orientação do partido.

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