General do Exército disse em entrevista que o Partido Republicano Progressista barrou a indicação dele para ser o candidato a vice na chapa de Bolsonaro (Sergio Lima/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 18 de julho de 2018 às 10h52.
Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 14h25.
Brasília - O general da reserva do Exército Augusto Heleno afirmou nesta quarta-feira, em entrevista à Reuters, que o Partido Republicano Progressista (PRP) barrou a indicação dele para ser o candidato a vice na chapa encabeçada pelo pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro, do PSL.
Bolsonaro chegou a afirmar, em evento público no interior paulista na noite de terça-feira, que até esta quarta-feira iria anunciar o nome de Heleno como seu colega de chapa, segundo relato feito pelo presidente do PSL em São Paulo, o deputado federal Major Olímpio.
No entanto, Heleno disse que na noite de terça-feira a cúpula do PRP, ao qual é filiado, se reuniu com ele em Brasília e definiu que o plano principal da legenda para a eleição de outubro é eleger deputados federais como forma de aumentar o tamanho do fundo partidário e o tempo de rádio e TV que o partido tem.
Segundo o general, não houve qualquer mal estar pelo fato de o pré-candidato do PSL tê-lo anunciado antecipadamente e não foi colocada nenhuma restrição ao nome dele, mas, segundo a decisão da legenda, ser companheiro de chapa de Bolsonaro não iria acrescentar em nada aos objetivos do PRP.
"O partido não tem interesse em abraçar uma candidatura a vice", disse Heleno à Reuters.
O general afirmou que, logo após a decisão da cúpula do PRP, telefonou para Bolsonaro avisando-lhe que não seria companheiro de chapa dele. Heleno disse que não se sentia frustrado com a decisão da legenda.
"Não tirou um minuto do meu sono. Era uma missão que poderia ou não acontecer", disse. "Tenho a minha vida construída em cima de cargos conquistados pelos meus méritos", completou.
Heleno é filiado ao PRP do Distrito Federal e ficou nacionalmente conhecido por ter sido o primeiro comandante da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, missão de paz que teve a liderança militar do Brasil.
O general disse que não vai se candidatar a outro cargo eletivo em outubro, mas pretende continuar a ajudar na campanha de Bolsonaro. Questionado se assumiria um eventual ministério na gestão dele --foi cotado para a pasta da Defesa--, ele disse que não adianta pensar nisso agora. "Tem que ganhar antes", afirmou.
A pré-candidatura de Bolsonaro --líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso e deve ser barrado de concorrer pela Lei da Ficha Limpa-- não conta com nenhum partido aliado até o momento.
Por enquanto a legenda de Bolsonaro vai dispor de apenas 8 segundos do tempo do rádio e TV em um bloco na campanha eleitoral de 12 minutos e 30 segundos. Aliados do candidato, contudo, minimizam essa ínfima presença na TV e apostam na forte presença dele nas redes sociais durante a campanha.