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Protestos contra Copa são o preço da democracia, diz Dilma

A presidente afirmou que os protestos contra a Copa do Mundo são o preço da democracia e uma consequência da existência de movimentos sociais ativos


	Cafu, Dilma Rousseff, Joseph Blatter e Aldo Rebelo: "maioria do país não quer violência", disse Dilma
 (José Cruz/ABr)

Cafu, Dilma Rousseff, Joseph Blatter e Aldo Rebelo: "maioria do país não quer violência", disse Dilma (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2014 às 09h02.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que os protestos contra a Copa do Mundo são "o preço da democracia" e uma consequência da existência de movimentos sociais "ativos" que se manifestam livremente.

Durante um jantar oferecido no Palácio da Alvorada para um grupo de correspondentes da imprensa estrangeira, entre eles a Agência Efe, a chefe de Estado comentou suas expectativas em relação ao Mundial que começará no próximo dia 12 e reforçou sua convicção de que a grande maioria dos brasileiros "sairá às ruas para festejar", e não para protestar.

"A grande maioria do país não quer violência", garantiu Dilma, que também considerou que algumas das críticas ao evento da Fifa "estão politizadas" e contaminadas pelo clima eleitoral do pleito de outubro, quando concorrerá à reeleição.

No entanto, assegurou que existe no Brasil "uma autonomia do futebol em relação ao processo político" e duvidou que o resultado da Copa possa afetar os ânimos dos eleitores.

Como exemplo, Dilma lembrou que durante o tricampeonato na Copa de 1970, no México, estava presa pela ditadura militar e que, mesmo assim, não deixou de torcer pelo país.

A presidente admitiu que não é possível perceber o mesmo clima festivo de outras Copas nas ruas do país, mas reiterou que acredita que a situação vai mudar assim que a bola rolar nos gramados.

Dilma baseou sua percepção em alguns dados, entre os quais o crescimento de 49% nas vendas de aparelhos de televisão no país durante as últimas semanas.

"A grande maioria dos brasileiros verá o Mundial pela TV, fazendo churrasco e tomando uma cervejinha", afirmou.

Mesmo assim, reiterou que seu governo vai oferecer todas as garantias aos protestos, sempre e quando forem pacíficos e não interromperem o trânsito nas ruas pelas quais os torcedores vão se deslocar até os estádios, pois o Estado deve proteger os direitos de "todos".


Sobre as críticas aos gastos públicos no evento da Fifa, insistiu que os investimentos realizados pelo Estado ficam como um "legado" do Mundial, que serviu apenas para "acelerar" projetos que, de todas as maneiras, deveriam ser realizados.

Entre eles, citou a modernização dos aeroportos e das redes de transporte urbano que, apesar de não ficarem prontos para a Copa em muitos casos, serão concluídos nos próximos meses.

Uma das obras que não chegou a sair do papel foi o trem de alta velocidade ligando as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

Sobre esse projeto, cuja licitação foi suspensa pela quarta vez em meados do ano passado, Dilma declarou que ainda continua de pé, mas que uma nova licitação só será anunciada quando a "viabilidade" de sua execução for comprovada plenamente.

A presidente reafirmou que a Copa será uma celebração e enviará mensagens muito claras contra o racismo e todas as formas de discriminação, assim como em favor da paz mundial.

Na partida de abertura do Mundial na Arena Corinthians, em São Paulo, serão exibidas mensagens do papa Francisco e de líderes de todas as religiões, além de centenas de pombas brancas que serão soltas como um sinal da paz para o mundo, disse.

Além disso, reforçou sua total confiança no plano de segurança estabelecido pelo governo, que vai mobilizar 157 mil efetivos das polícias e Forças Armadas, que também estarão preparados para enfrentar ameaças terroristas, apesar disso não fazer parte da "tradição política" do país.

Também enviou uma mensagem aos turistas estrangeiros que chegarão ao país, devido aos rumores sobre uma possível epidemia de dengue em algumas das cidades-sede da Copa.

Dilma explicou que a época de maior incidência da doença no país é durante os três primeiros meses do ano e, apesar de admitir a possibilidade de que alguém seja infectado, garantiu que serão apenas casos isolados.

Em tom de piada, também comentou que quando participou de uma cúpula sobre mudança climática em Copenhague, em 2009, retornou ao Brasil com a gripe H1N1. "Nunca disse que a cúpula foi um fracasso porque eu peguei essa gripe", brincou Dilma.

Sobre o possível resultado da Copa, a presidente não tem nenhuma dúvida. "Vai dar Brasil", sentenciou.

No entanto, confessou que é "muito supersticiosa, pelo menos no futebol", e disse que passará a Copa "com os dedos cruzados" e que acenderá "todas as velas" para ajudar o Brasil a conquistar o hexa. 

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