Por não ser comum em regiões do país afastadas da Amazônia, como no Sudeste e Sul, os sinais da malária passam despercebidos pelos médicos ou são confundidos com os de outras doenças, como a dengue e a gripe (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2012 às 10h00.
Brasília – Apesar de a Amazônia responder por 99% dos casos de malária no Brasil, dados sobre a doença chamam a atenção em outros estados do país. Isso porque a proporção de mortes por malária fora da Amazônia é maior em comparação à do Norte do país, onde a doença é considerada endêmica.
Em 2011, a cada grupo de 1.000 casos identificados na Amazônia foi registrada menos de uma morte. Fora da região amazônica, a taxa de letalidade foi 21 mortes para 1.000 casos, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Em números absolutos, as mortes por malária na região amazônica são superiores.
O diagnóstico tardio é o grande vilão da alta taxa de letalidade em localidades onde a doença não é vista como ameaça. Por não ser comum em regiões do país afastadas da Amazônia, como no Sudeste e Sul, os sinais da malária passam despercebidos pelos médicos ou são confundidos com os de outras doenças, como a dengue e a gripe. “Os próprios profissionais não reconhecem como suspeita de malária”, alerta Ana Carolina Santelli, coordenadora-geral do Programa Nacional de Controle da Malária do ministério.
Para a coordenadora, os profissionais de saúde devem perguntar aos pacientes se eles viajaram ou trabalharam em regiões do Brasil e de outros países onde há grande registro de casos de malária, como na Amazônia, Ásia e África. A pergunta ajuda na triagem de quem pode estar infectado. “É o caso de funcionários de grandes empresas que trabalham em vários países e aparecem com suspeita da doença”, explica.
Com apenas uma gota de sangue, o teste rápido identifica a malária em 30 minutos. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. Se não for tratada, a doença pode evoluir para um quadro grave e levar à morte. A transmissão se dá pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, que é infectado ao sugar o sangue de uma pessoa doente. O criadouro preferido é o igarapé com água limpa e parada. A malária tem tratamento e cura. Não existe vacina.
Embora a taxa de letalidade seja superior fora da Amazônia, a maioria dos investimentos federais para a prevenção da malária tem como destino a Região Norte, por registrar alta incidência. No ano passado, o Ministério da Saúde liberou R$ 15 milhões para a instalação de 1 milhão de mosquiteiros com inseticidas em 47 municípios da Amazônia Legal - compreendida pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, Roraima, do Tocantins e de parte do Maranhão. O total de casos no Brasil passou de 610 mil, em 2005, para 290 mil, em 2011.
No Dia Internacional de Combate à Malária, celebrado hoje (25), a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede aos países que destinem mais recursos para acabar com a doença, presente em 99 nações. Os casos globais caíram entre 25% e 33% na África na última década. Apesar da queda, a OMS estima que são necessários US$ 7 bilhões anuais para controlar a malária nos próximos quatro anos. Com esse valor, estima-se ser possível salvar 3 milhões de vidas até 2015.
As mortes entre crianças preocupam. Em 2010, das 655 mil mortes decorrentes da malária em todo o planeta, 560 mil foram de crianças com menos de 5 anos de idade – equivalente a uma por minuto - principalmente em países africanos e asiáticos.