Brasil

Propina na Petrobras era institucionalizada, diz ex-gerente

Ex-gerente de engenharia da Petrobras afirmou que pagamento de propinas era "institucionalizado" na estatal


	Cenpes: reforma do centro teria envolvido propinas de 2% para o PT, segundo ex-engenheiro da Petrobras
 (André Valentim/EXAME.com)

Cenpes: reforma do centro teria envolvido propinas de 2% para o PT, segundo ex-engenheiro da Petrobras (André Valentim/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2016 às 11h53.

São Paulo - O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco, que confessou ser uma espécie de contador da propina na Diretoria de Serviços da estatal - cota do PT no esquema de corrupção alvo da Operação Lava Jato -, confirmou nesta segunda-feira, 10, ao juiz federal Sérgio Moro que obra da reforma do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), no Rio, envolveu pagamentos de 2% para o PT e para os agentes públicos sustentados pelo partido nos cargos. Segundo ele, a propina estava "institucionalizada".

"As vezes fica difícil responder o que a gente (agentes públicos e partidos) fazia para receber essa propina. Às vezes eu não sabia, porque estava institucionalizada. Tava instituída essa propina, a gente não fazia nada especial para ter essa propina", declarou Barusco - delator da Lava Jato.

Avaliadas em R$ 850 milhões na época da licitação, em 2008, as obras do Centro de Pesquisa custaram R$ 1 bilhão.

O ex-gerente de Engenharia - que já confessou que o PT recebeu quase R$ 200 milhões em propinas em dez anos via contratos de sua área - foi ouvido nesta segunda-feira, 10, como testemunha de acusação do Ministério Público Federal contra ex-executivos da OAS, entre eles o ex-presidente José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira.

"Era uma regra geral, nem sempre aplicável, mas era uma regra geral. Normalmente aplicável quando os contratos era destinados à essas companhias (integrantes do suposto cartel, alvo da Lava Jato)". Disse Barusco

Os pagamentos de propina nas obras do Cenpes foram inicialmente acertados com o ex-executivo da OAS Agenor Franklin de Medeiros, que cuidava das tratativas e pagamentos por todas as empreiteiras que formaram o Consórcio Novo Cenpes, responsável pela obra - OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Construcap CCPS Engenharia e Schahin Engenharia.

Pagamentos

O lobista Mário Góes - também delator da Lava Jato - teria sido o operador de propinas responsável pelos repasses das empresas para os agentes públicos e para o partido.

Barusco, que foi braço direito do ex-diretor de Serviços Renato Duque - indicado pelo PT ao cargo - de 2003 a 2011, disse que em determinado momento de execução do contrato, os pagamentos de propinas passaram a ser feitos diretamente pelas empresas que formavam o consórcio.

Os pagamentos direcionados aos agentes públicos eram concentrados por Barusco, segundo ele contou. "Pagamentos em espécie para mim e depósitos em contas no exterior", afirmou. "De tempos em tempos fazíamos uma balanço geral." Era quando operador das empreiteiras e ele acertavam quanto havia sido depositado em contas secretas na Suíça e quanto em dinheiro foi entregue. "Normalmente era na casa do Mário Góes, uma vez em casa e outra no escritório dele, da Riomarine."

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPartidos políticosPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Operação da PF contra Bolsonaro traz preocupação sobre negociação entre Brasil e EUA, diz pesquisa

Tornozeleira eletrônica foi imposta por Moares por “atos de terceiros”, diz defesa de Bolsonaro

Após operação da PF contra Bolsonaro, Lula diz que será candidato a reeleição em 2026