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Propina em Pasadena poderia chegar a US$ 100 mi, diz delator

Nova etapa da Lava Jato mira em Pasadena, caso emblemático da corrupção instalada na Petrobras


	Refinaria da Petrobras em Pasadena: segundo TCU, compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões
 (Agência Petrobras / Divulgação)

Refinaria da Petrobras em Pasadena: segundo TCU, compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões (Agência Petrobras / Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2015 às 19h40.

São Paulo - A propina na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), poderia chegar à cifra de US$ 100 milhões.

A informação é do novo delator da Operação Lava Jato, Agosthilde Mônaco de Carvalho, subordinado ao ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró - principal responsável pelo negócio.

Carvalho declarou ao Ministério Público Federal que Alberto Feilhaber, um ex-executivo da Petrobras que havia se tornado representante da trading Astra Oil, disse ao engenheiro Carlos Roberto Barbosa - funcionário da Petrobras cedido à Petrobras America Inc (PAI) - que estaria disposto a pagar entre US$ 80 milhões e até US$ 100 milhões "para resolver definitivamente" litígio em arbitragem relativa à Pasadena - a demanda se arrastava havia dois anos.

Segundo ele, o auge da disputa ocorreu entre 2010 e 2012.

Nesta segunda-feira, 16, a Polícia Federal deflagrou a Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato.

A nova etapa da investigação mira em Pasadena, caso emblemático da corrupção instalada na Petrobras. Segundo o Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões.

O litígio envolveu a compra da segunda metade da refinaria da Astra - negócio iniciado em 2005 por Cerveró.

Tanto Carvalho como outro delator da Lava Jato, Fernando Baiano, confessaram terem participado da movimentação de propina de US$ 15 milhões, na primeira etapa do negócio, envolvendo a compra de 50% da unidade da antiga dona, a Crown.

Na ocasião, Mônaco de Carvalho exercia a função de assistente do diretor da Área Internacional - cadeira que ocupou entre 2003 e 2008.

"Após o início do processo de arbitragem, o declarante (Mônaco de Carvalho) recebeu a visita do sr. Alberto Failhaber na BR Distribuidora."

A visita, segundo o delator, ocorreu pouco antes da data designada para o depoimento do então diretor de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, nos Estados Unidos.

"Neste dia, o sr. Alberto Failhaner pediu a Cerveró para 'dar uma força' junto ao diretor Zelada (Jorge Zelada, sucessor de Cerveró na Internacional), auxiliando no fechamento de um acordo pois a Astra estava precisando de dinheiro. Nestor Cerveró disse que não teria condições de ajudar; que, posteriormente, no auge da disputa em litígio nos Estados Unidos o engenheiro Carlos Roberto Barbosa disse ao declarante (Mônaco de Carvalho) que o sr. Alberto Failhaber estaria disposto a pagar a quantia variável de US$ 80 milhões e US$ 100 milhões para resolver definitivamente o problema."

Mônaco de Carvalho disse que "em uma viagem de rotina" ele tomou conhecimento que a Astra Oil teria adquirido uma refinaria em Pasadena e que "um ex-funcionário da Petrobras, Alberto Failhaber, era vice-presidente da operação de trading para a América Latina nesta empresa".

O novo delator da Lava Jato disse que pediu ao engenheiro Carlos Roberto Barbosa que o ajudasse a fazer contato com Failhaber. Segundo ele, os dois, Failhaber e Carlos Roberto Barbosa, haviam trabalhado juntos na Petrobras e "mantinham uma relação de amizade".

"Em janeiro de 2005, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria de Pasadena e teria interesse de negociar até 100% da mesma", relatou Mônaco de Carvalho. Ele disse, ainda, que Cerveró o orientou a receber Alberto Failhaber na Petrobras "para confirmar o teor da proposta".

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