Propaganda de Doria: Justiça aceitou pedido dos postos Ipiranga e proibiu a propaganda, que tinha viralizado (Reprodução/YouTube)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2016 às 07h47.
São Paulo - O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) aceitou na quarta-feira, 7, o pedido da Ipiranga para que o candidato à Prefeitura de São Paulo João Doria (PSDB) suspenda a campanha publicitária em que faz referência aos anúncios da empresa do ramo de combustíveis - até usando o bordão "pergunta lá".
Na propaganda de Doria, um ator parecido com Antonio Duarte de Almeida Júnior, o Batata, famoso por estrelar os comerciais do posto Ipiranga, repete os trejeitos e o sotaque do original para responder a perguntas de uma garota: "Sabe onde eu encontro UBS sem fila, hospital limpinho e médico especialista por aqui?". A resposta é: "Lá na propaganda do PT" - parodiando o já famoso "Lá no posto Ipiranga".
Tão logo a peça foi ao ar, os espectadores fizeram a conexão entre a propaganda de sucesso e a paródia tucana - que, em nenhum momento, pareceu tentar esconder ou disfarçar a referência.
Assim que foi veiculado, o "pergunta lá tucano" viralizou em redes sociais como Twitter e no Facebook.
Conforme o jornal Folha de S.Paulo, a empresa não gostou de ver o seu bordão sendo usado no horário eleitoral gratuito e entrou com uma representação no TRE solicitando "a suspensão do uso indevido do conceito de sua campanha publicitária".
O pedido foi feito na terça-feira e acatado na quarta-feira, no feriado de 7 de setembro.
"Com a ação na Justiça, a empresa buscou proteger seus direitos sobre o conceito de sua célebre campanha", informou a assessoria do posto Ipiranga em nota.
"A Ipiranga ressalta que não foi consultada previamente e não cedeu seus ativos publicitários para uso em qualquer campanha eleitoral. A companhia respeita a pluralidade democrática e faz questão de se manter neutra em pleitos eleitorais", afirmou a empresa.
Em um primeiro momento, o TRE-SP chegou a indeferir o pedido da empresa - dizendo que ela não tinha legitimidade para acionar a Justiça Eleitoral.
Mas a interpretação favorável à campanha tucana foi derrubada pelo juiz Danilo Mansano Barioni, que usou uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para vetar a propaganda de Doria.
A resolução usada pelo juiz na decisão trata da necessidade de "coibir, no horário eleitoral gratuito, propaganda que se utilize de criação intelectual sem autorização do respectivo autor ou titular".
O descumprimento da decisão acarretaria o pagamento de uma multa de R$ 5 mil (por dia de exibição da propaganda após a decisão judicial).
A campanha de Doria disse que a propaganda já seria suspensa na quarta-feira, mesmo antes da contestação da empresa. Segundo a campanha, a propaganda "não afrontaria a legislação autoral ou eleitoral" e "não foi observada nenhuma ilegalidade em sua veiculação".
A coluna Direto da Fonte informou que a Justiça Eleitoral também determinou a retirada da versão radiofônica da propaganda. A representação foi feita pela campanha do prefeito Fernando Haddad (PT), candidato à reeleição.
A campanha de João Doria ainda causa fissuras na cúpula tucana. O ex-governador tucano de São Paulo Alberto Goldman postou vídeo em seu blog em que chama de "fantasia" a proposta do candidato de seu partido de criar os chamados "corujões da saúde". Pela proposta, a Prefeitura faria convênios com hospitais privados para utilizar sua estrutura durante a madrugada.
A campanha de Doria respondeu dizendo que "talvez, para o ex-governador Alberto Goldman, seja correto deixar pessoas à espera de um exame".
Enquanto Goldman e a equipe de Doria trocam críticas, o governador Geraldo Alckmin entra na campanha de seu candidato. Nesta quinta-feira, 8, ele vai gravar suas primeiras participações nos programas de Doria.
A decisão foi tomada após pesquisas detectarem que o eleitor de Alckmin ainda não o identifica com o afilhado político. Agendas conjuntas dos tucanos também estão sendo preparadas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.